Em declarações à Lusa depois de participar, por videoconferência, numa reunião ministerial UE-Vizinhança Sul, o ministro explicou que Portugal defende uma modernização da relação com aqueles 15 países, atualmente regida por diferentes organizações e que “padece” de um olhar demasiado focado na questão das migrações.
“Já pedimos ao Serviço Europeu de Ação Externa, portanto à diplomacia europeia, que trabalhasse uma proposta para ver como é que podemos modernizar a nossa política de vizinhança”, explicou o ministro, adiantando, noutro passo, que se pretende “evoluir da Política de Vizinhança para uma verdadeira parceria estratégica com o sul”.
A questão, prosseguiu, será debatida em pelo menos um dos Conselhos de Negócios Estrangeiros da UE e a “expectativa” de Santos Silva é que seja possível “aprovar conclusões”.
“Temos condições para que este tema seja objeto de debate político entre os ministros [dos Negócios Estrangeiros] durante a presidência portuguesa”, disse.
Para Portugal, a modernização da Política de Vizinhança deve passar desde logo pela articulação das várias organizações que enquadram o diálogo entre as duas margens do Mediterrâneo.
São elas a União para o Mediterrâneo, que reúne os 27 Estados-membros da UE e 15 países do Médio Oriente e Norte de África, o Fórum 5+5, entre os cinco países do Magrebe e os cinco países europeus do Mediterrâneo Ocidental ((Portugal, Espanha, França, Itália, Malta, Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia), e a iniciativa francesa Cimeira das Duas Margens, que junta os países do 5+5, a Alemanha, a Comissão Europeia e várias entidades regionais, entre as quais a União para o Mediterrâneo.
“Há várias formas de ligação entre as duas margens do Mediterrâneo que têm que ser articuladas entre si se a gente quer avançar. […] Não podemos multiplicar organizações”, frisou o ministro.
Por outro lado, Portugal defende que as “dimensões fundamentais da cooperação” nesta área devem ser “segurança e estabilidade”, “economia” e “intercâmbio”, designadamente cultural e educativo.
“Uma das coisas que temos que fazer para enriquecer a nossa parceria é olhar para várias dimensões, e não apenas para a dimensão das migrações. […] Não olhar só para a relação entre as duas margens do Mediterrâneo como sendo uma questão de migração e muito menos de combate à migração ilegal”, sublinhou.
Portugal propõe ainda como prioridades “mais urgentes” para esse diálogo a energia, as migrações e o conhecimento.
Para que tudo isto “avance”, disse, é ainda preciso criar na UE uma estratégia para a vizinhança sul “de dimensão regional”, que favoreça a integração económica desses países, ou seja, as trocas comerciais entre si, atualmente das menos intensas do mundo.
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