As sondagens mais recentes dão um empate técnico entre Norbert Hofer, candidato do partido de extrema-direita FPÖ, e Alexander Van der Bellen, independente ligado aos Verdes.
Na primeira volta das eleições, Hofer obteve uns surpreendentes 35% dos votos e Van der Bellen 22%, enquanto os candidatos dos partidos tradicionais do centro tiveram pouco mais de 10% cada um.
Van der Bellen triunfou por décimas na segunda volta, a 22 de maio, mas o Supremo Tribunal austríaco decretou a repetição do voto. Entretanto, o Reino Unido decidiu em referendo abandonar a União Europeia, e Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos.
Hofer e o FPÖ estão próximos da linha ideológica do Brexit, de Trump e do Presidente russo, Vladimir Putin. No último debate com Van der Bellen, Hofer declarou que “não haverá ‘Auxit'”, mas o engenheiro de 45 anos defendeu em campanha um referendo sobre a saída da Áustria da UE se a União “optar pela centralização” ou permitir a adesão da Turquia.
Por sua vez, Van der Bellen, economista de 72 anos, centrou a fase final da sua campanha na defesa da unidade europeia. O candidato próximo dos Verdes rejeita o populismo “trumpista”, prometendo “responsabilidade em vez de extremismo”.
O resultado de Hofer na primeira volta levou à demissão do chanceler socialista Werner Faymann, mas o governo de coligação entre centro-direita e centro-esquerda manteve-se, agora chefiado por Christian Kern, outro socialista. Ao contrário de Faymann, que sempre rejeitara explicitamente a possibilidade de governar com o FPÖ, Kern fez aberturas em relação ao partido de extrema-direita, culminando num debate “amigável” recente na emissora pública austríaca.
As sondagens mostram que o FPÖ venceria claramente eleições legislativas se elas se realizassem agora. As próximas estão previstas para 2018, mas é possível que sejam antecipadas.
No sistema político austríaco, o poder concentra-se nos governos das nove regiões e no executivo federal. Tal como em Portugal, a autoridade do Presidente é limitada, mas o chefe de Estado tem ainda assim poderes significativos. Para além da “magistratura de influência”, o Presidente pode, em certas condições, dissolver o parlamento e convocar eleições.
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