“Portugal encontra-se numa encruzilhada particularmente relevante e complexa da sua história. Os problemas, bloqueios e dificuldades que enfrentamos são expressão e resultado de décadas de políticas realizadas contra a letra e o espírito da Constituição da República. Foi esse desrespeito pela Constituição que nos trouxe até aqui”, afirmou João Ferreira, durante um comício, no Porto, que deu o arranque oficial à campanha para as eleições de 24 de janeiro.
Na sua opinião, “tivessem os presidentes da República pugnado para que se cumprisse a Constituição e, seguramente, que estaria garantido” o direito à proteção da saúde realizado através de um Serviço Nacional de Saúde universal, geral e tendencialmente gratuito, e de qualidade”.
“Aqui estamos, nesta eleição, prosseguindo o combate de sempre, para tornar concretos todos os direitos inscritos na lei fundamental do país”, frisou João Ferreira durante um discurso em que foi interrompido, por diversas vezes, pelas palmas efusivas dos apoiantes que esta manhã marcaram presença no coliseu do Porto.
Na sua opinião, “foram opções contrárias à letra e ao espírito da Constituição que tornaram as relações laborais ainda mais desequilibradas em desfavor da parte mais fraca, os trabalhadores, a partir de legislação promovida pelos sucessivos governos muito antes da troika, durante a troika e depois da troika, e já durante o mandato do atual Presidente da República que a promulgou sem pestanejar”.
João Ferreira salientou que é preciso um “Presidente da República que tenha os seus primeiros afetos para os imprescindíveis deste país, para quem trabalha e trabalhou, para quem, nestes tempos duros e inquietantes saiu de casa todos os dias, ou foi obrigado a ficar em casa, para manter o país a funcionar, em todas as áreas da vida económica e social”.
O candidato elencou os direitos dos cidadãos, como o trabalho, a escola pública, a saúde ou a Segurança Social, que não podem “ser letra morta nas páginas da Constituição”.
O candidato apoiado pelo PCP fez hoje o arranque oficial da campanha com um comício, no Porto, onde se ouviu, por diversas vezes, o cântico “João avança, com toda a confiança”.
“É exatamente por isso, porque está em causa o futuro do país, que nos apresentámos a esta eleição e não desistimos dela. Esta está a ser uma campanha diferente. Não participarei em almoços, jantares e arruadas, tomaremos todas as medidas de proteção sanitária necessárias, mas não desistiremos de fazer o trabalho necessário para assegurar o esclarecimento e a mobilização necessários ao voto”, salientou.
O eurodeputado eleito pelo PCP frisou ainda que, no dia 24 de janeiro, “é necessário que ninguém falte à chamada para se abrir um horizonte de esperança no futuro de Portugal”.
João Ferreira frisou que, nos últimos três meses, “ficou claro” que esta candidatura “é não apenas necessária, como indispensável e insubstituível”.
“Esta é uma candidatura que, emergindo dos valores de Abril, assume a defesa da democracia e da liberdade e combate todas formas de opressão, de discriminação, de repressão”, afirmou.
Deixou ainda o compromisso de que não irá “desertar, em nenhum momento, desta decisiva batalha em defesa das profundas aspirações dos trabalhadores, do povo, das populações e em defesa dos interesses do país”.
Com capacidade para 3.000 pessoas, o coliseu do Porto recebeu cerca de um terço da sua lotação, cumprindo as normas imposta pela Direção-Geral da Saúde (DGS) .
A primeira campanha realizada em Portugal em estado de emergência arranca oficialmente hoje, sob a ameaça de um novo confinamento.
Concorrem às eleições de 24 de janeiro sete candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP), Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
Comentários