O candidato apoiado pelo PCP fez hoje o arranque oficial da campanha das presidenciais com um comício, no Porto, onde aproveitou para fazer referência àquilo que considerou ser “ uma das maiores debilidades estruturais que Portugal enfrenta” e que “há quem esteja apostado em agravar, nesta situação tão difícil”.
“O recente anúncio, feito pela Administração da Galp, com a cumplicidade ou mesmo articulação com o Governo, do encerramento da refinaria de Matosinhos, corresponde a um crime contra o país, contra a sua capacidade produtiva e a sua segurança energética, contra os seus trabalhadores e contra toda esta região”, argumentou João Ferreira.
“Depois de ter distribuído centenas de milhões de euros em dividendos, a Galp vem invocar o mentiroso pretexto da preocupação com o ambiente para destruir centenas de postos de trabalho”, frisou.
E continuou: “mentiroso pretexto porque, como Portugal vai continuar a precisar do combustível que ali se refina, ele ou terá de vir do sul do país, com os acrescidos custos energéticos e poluição associada, ou da Galiza, com a consequente perda de criação de riqueza e também acrescidos custos energéticos”.
Para o candidato presencial e eurodeputado eleito pelo PCP, é um “pretexto mentiroso também, porque o combustível vai continuar a ser usado e vai continuar a ser produzido”.
“Mentiroso porque ao longo de anos os trabalhadores desta refinaria, mesmo em reuniões em que eu estive com as suas estruturas representativas, afirmaram e alertaram sempre para a necessidade de investimentos em tecnologias e processos produtivos mais amigos do ambiente, coisa que a empresa sempre considerou um insuportável sacrifício dos lucros dos acionistas”, sublinhou.
João Ferreira defendeu da parte do Presidente da República “uma intervenção mais atenta face aos crimes ambientais que proliferam” e, por isso, disse estar no Porto a “afirmar a solidariedade para com os trabalhadores da refinaria de Matosinhos e para com toda a população”, e dizer que “esta refinaria não pode ser sacrificada no altar da ganância dos acionistas da Galp”.
“E que, enquanto Presidente da República ou em qualquer outra posição, aqui estarei, convosco, nesse combate que não é só pelo vosso emprego, e também por um outro entendimento do desenvolvimento do nosso país”, frisou.
Esta é, segundo João Ferreira, uma “candidatura que conta para todas as batalhas do presente o do futuro” e, esta é, frisou, “a sua grande utilidade”.
“De hoje até 24 de janeiro interviremos em condições ainda mais especiais e difíceis do que em outros momentos. Mas é necessário levar a cada cidadão do nosso país a afirmação do projeto e dos valores da nossa candidatura”, sublinhou.
Num comício que foi antecipado para a manhã deste domingo devido às restrições de circulação a partir das 13:00, devido à pandemia, o eurodeputado foi recebido no coliseu do Porto com uma grande ovação e o cântico “João avança com toda a confiança”.
Com capacidade para 3.000 pessoas, o coliseu do Porto recebeu cerca de um terço da sua lotação, cumprindo as normas imposta pela Direção-Geral da Saúde (DGS) .
“É preciso lembrar que esta é a candidatura dos que não viram a cara à luta, não se escondem e não desistem. Cada voto na minha candidatura é mais uma alavanca para a luta que continua. Esta é a candidatura que não desaparecerá depois das eleições e ficará a lutar pelos direitos de todos os dias.
A primeira campanha realizada em Portugal em estado de emergência arranca oficialmente hoje, sob a ameaça de um novo confinamento.
Concorrem às eleições de 24 de janeiro sete candidatos: Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP), Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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