“Estou aqui como pessoa e como Presidente da República, mas em particular como Presidente da República, porque foi um homem singular, foi muito marcante na vida portuguesa, praticamente durante toda a democracia, foram mais de 40 anos em que afirmou as suas qualidades invulgares de liderança, de determinação e de visão de futuro” disse aos jornalistas, esta tarde, no Porto, junto à igreja de Cristo Rei, onde prestou homenagem ao empresário.

O chefe de Estado salientou que Belmiro de Azevedo olhava sempre “largo e longe”, não se concentrando apenas na economia, mas empenhando-se na cultura, na educação, na solidariedade social, na comunicação social e na formação das pessoas.

“E, depois, com um estilo muito corajoso, não só fisicamente, mas psiquicamente corajoso, e este somatório de qualidades fizeram dele não só um grande empresário do Norte, mas um grande empresário nacional e internacional”, sublinhou.

Mais do que um “traço, cultura e linhagem familiar”, Belmiro de Azevedo deixou “um exemplo” para o país, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Quando arrancou, nos anos 70 e 80, que foi quando o conheci, [Belmiro de Azevedo] pensava no Portugal do fim do século ou do século XXI e ninguém pensava, eram poucos que pensavam assim e essa capacidade de ver mais longe, de ir mais longe, de querer fazer mais, e que nunca abandonou, foi sempre acompanhada de grande independência e coragem”, referiu.

Questionado sobre a rejeição do PCP ao voto de pesar aprovado na Assembleia da Republica, o chefe de Estado disse que não faz apreciações sobre as discussões, tomadas de deliberações e posições dos partidos no parlamento, falando apenas em seu nome e dos portugueses.

“Em meu nome como cidadão vim aqui testemunhar uma homenagem a um conjunto tão vasto de qualidades deste homem e como Presidente da República representar todos os portugueses, certamente há várias opiniões, como em tudo na vida, mas sinto que estou a representar todos os portugueses quando digo que não há muitas figuras na democracia e vida empresarial como Belmiro de Azevedo”, frisou.

O Presidente da República não estará na missa de corpo presente, que tem início às 16:00, por questões de agenda.

O empresário Belmiro de Azevedo morreu na quarta-feira aos 79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, onde chegou há mais de 50 anos e que transformou num império com negócios em várias áreas e extensa atividade internacional.

Sem tolerância para a incompetência (“não aceito, nem por um nonagésimo de segundo, que alguém menos competente mande em mim — só na tropa, por obrigação, e na vida civil por decisão de órgãos de soberania”, disse citado numa biografia) e com afamada dedicação ao trabalho e a um estilo de vida “frugal”, Belmiro de Azevedo deixa três filhos, Nuno, Paulo e Cláudia, também relacionados com a Sonae, grupo de cuja presidência saiu formalmente em 30 de abril de 2015.