A autarquia de Mação procurou apoios financeiros para implementar há mais de uma década um conceito de "gestão total" de Zonas de Intervenção Florestal, com novos modelos de gestão do território agrícola e florestal, assente em minifúndio, numa lógica de agregação funcional da exploração das potencialidades produtivas, que permitirá partilhar entre todos o rendimento das áreas mais rentáveis, como o eucalipto, bem como os custos de manutenção das infraestruturas, como os aceiros.
“Faltou coragem, vontade política de quem tenha possibilidade de nos ajudar com os meios financeiros e outros para pôr em prático todo o projeto. Aquilo que a Câmara podia pôr em prática, que estava na nossa exclusiva dependência, foi colocada em prática. Não por mim, mas pelo meu antecessor, pelo António Louro, vice-presidente da câmara, que tem trabalhado e dedicou os últimos 15, 16 anos da sua vida a pensar a floresta no concelho de Mação”, afirmou Vasco Estrela, em declarações à agência Lusa.
A ideia assenta na "agregação de territórios de minifúndio com um mínimo de mil hectares, ganhando escala e estruturando empresarialmente o conceito de gestão do território, com a abertura a fundos de investimento e com solidez jurídica, respeitando a propriedade privada, e definindo racionalmente modelos de utilização agrícola e florestal dos espaços", tinha explicado anteriormente à Lusa, António Louro, atual vice-presidente do município de Mação.
Já o presidente assegura que a Câmara tem feito a sua parte.
“Naquilo que é possível controlar a Câmara Municipal de Mação penso que o tem feito e faz bem. Não é por acaso que foi elogiado o nosso trabalho, as nossas propostas, as nossas ideias, aquilo que colocamos em prática foi elogiado por políticos e técnicos de todos os quadrantes, em Portugal e no Estrangeiro”, garantiu o presidente do município de Mação.
O autarca lamenta, contudo, que ao longo destes anos ninguém tenha querido arriscar e investir num conceito de gestão e ordenamento florestal que foi elogiado cá dentro e lá fora, que consiste na prevenção de fogos e na primeira intervenção.
“Infelizmente não foi possível nunca convencermos totalmente as pessoas de que valia a pena experimentar aqui alguma coisa diferente, que pudesse ajudar este acontecimento, o que aconteceu noutros concelhos do país, aquilo que vai acontecer noutros concelhos do país, aquilo que está a acontecer em Nisa e que irá acontecer em muitos mais concelhos do país: que é uma paisagem insustentável, aldeias desertas, cobertas de mato e onde invariavelmente os incêndios vão entrar e vão devastar tudo o que lhes aparecer pela frente. Foi este o futuro que foi construído e, portanto, todos teremos alguma responsabilidade”, avisou o autarca.
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