Numa mensagem à nação peruana na sexta-feira, Boluarte reafirmou o compromisso do governo “em continuar a promover o diálogo e a paz social” no país.
“Não vou renunciar, o meu compromisso é com o Peru e não com esse grupo minúsculo que está fazendo o país sangrar”, disse a chefe de Estado, que não prestava quaisquer declarações públicas desde segunda-feira.
Boluarte revelou ter pedido ao parlamento peruano que antecipe a data para a votação do projeto de lei, apresentado pelo executivo, que prevê a realização de eleições gerais em abril de 2024.
Os protestos exigem a renúncia de Boluarte, a dissolução do Congresso, a convocação de uma assembleia constituinte, novas eleições já este ano e a libertação do presidente deposto Pedro Castillo, entretanto condenado a 18 meses de “prisão preventiva”.
As manifestações iniciaram-se em dezembro, logo após Boluarte ter assumido a chefia do governo, depois de o Congresso ter destituído Castillo, acusado de promover um golpe de Estado que implicava a dissolução da câmara e a realização de novas eleições.
Boluarte garantiu na sexta-feira que “o país merece saber a verdade de forma objetiva e rápida” sobre as mortes registadas nas manifestações e saudou as investigações abertas pelo Ministério Público para “identificar os responsáveis”.
Três dirigentes de uma organização envolvida nos protestos que decorrem na região de Ayacucho, sul do Peru, foram detidos na noite de quinta-feira, anunciaram fontes policiais.
O Ministério Público abriu também uma investigação por “genocídio” contra Boluarte e vários outros altos funcionários.
Na sexta-feira, a Presidente pediu, no entanto, “que tudo seja investigado” em referência aos supostos “infiltradores e incitadores estrangeiros” que, a seu ver, são “responsáveis por atos violentos”.
Após manifestar o seu pesar pelas mortes, a presidente apelou ao fim da violência, apesar de reconhecer que por detrás dos protestos existe também uma “justa reclamação” dos cidadãos que manifestam o seu “descontentamento devido a exigências insatisfeitas” e ignoradas durante décadas.
Horas antes, o ministro do Interior do Peru, Víctor Rojas, tinha-se demitido após ter sido duramente criticado pelo alegado uso excessivo da força por parte da polícia nos protestos.
Também a ministra da Mulher e Populações Vulneráveis Grecia Rojas e o ministro do Trabalho Eduardo García Birimisa apresentaram a demissão na sexta e quinta-feira, respetivamente, em protesto contra a gestão da crise política.
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