Em resposta a perguntas dos jornalistas, à saída de uma iniciativa na sede da União das Misericórdias Portuguesas, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que o seu contacto com o bispo da diocese de Leiria-Fátima, em 24 de setembro, foi posterior ao envio da denúncia para a Procuradoria-Geral da República (PGR), feito em 06 de setembro.

Segundo o chefe de Estado, quando ocorreu esse contacto entre os dois, José Ornelas já "sabia pela comunicação social há semanas que havia a investigação" do Ministério Público, embora ainda não tivessem saído notícias sobre este caso de alegado encobrimento de abusos sexuais.

Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou que o seu contacto com o bispo que preside à Conferência Episcopal Portuguesa possa ter colocado em causa a investigação em curso: "Não, pois a Presidência comunicou para investigação, soube pela comunicação social que estava a ser investigado, que o Ministério Público estava investigar. Não tinha nenhum problema".

O Presidente da República assumiu a iniciativa do contacto ao bispo José Ornelas, declarando: "Tomei eu a iniciativa".

E justificou desta forma o contacto com o bispo José Ornelas: "Eu senti-me na obrigação porque entretanto me chegou uma versão apresentada pela comunicação social de que teria sido uma iniciativa por ser A, B ou C. E eu disse: olhe, senhor D. José, é muito simples, isto é a regra geral que se aplica e, portanto, a comunicação social diz que foi uma coisa pessoal, não foi pessoal".

Sobre o processo de denúncia, relatou que quando lhe chegou às mãos no Palácio de Belém "despachou para o chefe da Casa Civil, sem olhar sequer para o teor da suspeita, sem ler o teor da suspeita", e mandou encaminhar para o Ministério Público, "dizendo: é uma suspeita de matéria criminal, faça-se como sempre".