Na nota, divulgada pelo PSD, refere-se que a reunião se destina a “discutir a atual situação política, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado”.

A reunião acontece quando ambos os partidos já desencadearam processos eleitorais internos, com as diretas no PSD marcadas para 4 de dezembro para escolher o presidente do partido, e no mesmo dia em que o Conselho Nacional do CDS-PP se vai reunir com caráter de urgência para decidir sobre a realização do 29.º Congresso do partido, agendado previamente para 27 e 28 de novembro.

O líder do CDS-PP já admitiu em entrevista ao Expresso não excluir uma coligação pré-eleitoral com o PSD e, no último comício da recente campanha autárquica, desejou que a partir das eleições locais os dois partidos possam “juntos ir embalados para derrotar o PS a nível nacional e dar uma governação de centro-direita”.

Rui Rio tem falado menos sobre o tema, mas em 16 de março, no dia da assinatura do acordo-quadro para as autárquicas entre os dois partidos, e questionado se o entendimento poderia ser replicado no futuro em legislativas, respondeu que “logo se verá, em função das circunstâncias e da conjuntura política”.

“Do ponto de vista estrutural, é muito provável, isto tem história, mas depois a conjuntura política de cada momento também conta”, afirmou então Rui Rio.

Já o seu adversário na disputa da liderança, o eurodeputado Paulo Rangel, afirmou na quarta-feira, em entrevista à RTP3, preferir o cenário de o PSD concorrer sozinho a legislativas.

“Admito que o PSD pode convencer o seu líder de que é melhor encontrar outra alternativa, mas do meu ponto de vista o PSD deve ir sozinho”, afirmou Rangel, apontando o CDS e IL como parceiros de diálogo pós-eleições.

Já o adversário anunciado do presidente do CDS-PP, o eurodeputado Nuno Melo, não excluiu uma coligação pré-eleitoral com o PSD, mas defendeu que essa questão deve ser decidida em congresso, deixando um alerta, em entrevista, na semana passada, ao Público e à Rádio Renascença.

“Se há coisa que eu sei é que o PSD não respeita propriamente um partido que seja débil no plano negocial. Não aceitaria uma coligação com o PSD se me dissessem ‘está a ver o número de deputados que tem? É o número de deputados que o CDS vai ter'”, afirmou.

Em 2019, PSD e CDS-PP concorreram separados a eleições, mas em 2015 (liderados por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas) firmaram uma coligação pré-eleitoral depois de mais de quatro anos juntos no Governo que foi a força política mais votada, com 36,8% dos votos.

No entanto, PSD e CDS-PP não conseguiram ver aprovado o seu programa de Governo no parlamento, acabando por ser o PS liderado por António Costa a governar, com o apoio parlamentar de PCP, BE e PEV.

Na quarta-feira, a Assembleia da República ‘chumbou’, na generalidade, o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.

O PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas, Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

[Notícia atualizada às 21:15]