Fernando António Portela Rocha de Andrade, antigo secretário de Estado do primeiro Governo de António Costa, dirigente socialista e professor universitário, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, doutorado na especialidade de Ciências Jurídico-económicas faleceu hoje, aos 51 anos, vítima de doença prolongada.

“É com enorme tristeza que vejo partir tão precocemente o Fernando Rocha Andrade, um camarada, um amigo, alguém por quem nutria uma profunda admiração”, afirmou António Costa numa mensagem enviada à agência Lusa.

Na mesma mensagem, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS acrescentou: “Quem teve o privilégio de o conhecer e com ele trabalhar ou estudar sabe que perdemos uma inteligência brilhante, criativa e inspiradora, que só a doença levou de vencida”.

António Costa apresentou os seus sentimentos “ao seu pai e mulher, aos seus amigos e à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra”.

Ferro Rodrigues sublinha "enorme perda" para Universidade, PS e país

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, manifestou hoje pesar pela morte do ex-secretário de Estado Fernando Rocha Andrade, que classificou de "enorme perda" para a Universidade, o PS e o país.

"Rocha Andrade era um jurista brilhante e uma pessoa de uma grande humanidade, cuja morte prematura constitui uma enorme perda para a Universidade, para o Partido Socialista e para o País", sublinhou Eduardo Ferro Rodrigues numa nota de pesar enviada à agência Lusa.

Depois de manifestar "profunda consternação e pesar" pela morte do ex-secretário dos Assuntos Fiscais do primeiro governo de António Costa, o presidente do parlamento endereçou as suas "sentidas condolências" à família, amigos à Universidade de Coimbra e ao PS.

João Leão destaca capacidade de diálogo e criatividade do antigo governante

“O País vê hoje desaparecer um homem inteligente, afetuoso, imaginativo. Um homem de diálogo e um democrata, por quem tinha grande consideração e enorme estima”, refere o ministro das Finanças numa nota de pesar enviada às redações.

Sublinhando “profundo pesar” pelo falecimento de Fernando Rocha Andrade, João Leão destaca o trabalho do seu antigo colega dos Assuntos Fiscais, nomeadamente o “papel crucial” que teve “para a credibilização de Portugal juntos das instituições internacionais e mercados financeiros durante o ano de 2016”.

João Leão assinala também o trabalho “decisivo” de Rocha Andrade para a saída de Portugal do procedimento por défices excessivos e para o primeiro excedente orçamental atingido em 2019.

“A sua capacidade de diálogo, criatividade e espírito de negociação foram igualmente decisivos nas negociações com os parceiros parlamentares na fase inicial e crítica do governo minoritário”, refere a nota de pesar.

Em nome da equipa do Ministério das Finanças, João Leão lembra Rocha Andrade como um “eminente jurista e especialista em finanças públicas”, bem como o “grande sentido de responsabilidade” com que desempenhou todas as funções que exerceu e a “sua grande capacidade de raciocínio, poder de argumentação e facilidade de comunicação, a par da sua boa disposição, que manteve sempre, mesmo nos momentos mais difíceis da sua doença”.

Grupo Parlamentar do PS salienta perda irreparável que deixa um imenso vazio

O Grupo Parlamentar do PS considerou hoje que a morte de Fernando Rocha Andrade, professor universitário, antigo secretário de Estado e dirigente socialista, constitui uma perda irreparável para o partido e deixa um imenso vazio.

O Grupo Parlamentar do Partido Socialista expressa o seu mais profundo pesar pelo falecimento de Fernando Rocha Andrade, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do XXI Governo Constitucional, dirigente nacional e um dos melhores quadros do PS. O seu desaparecimento é uma perda irreparável para o PS, mas é, sobretudo, para muitos de nós, a perda de um muito querido amigo e de um insubstituível camarada”, refere-se numa nota divulgada pela bancada socialista.

Para a bancada do PS, que é liderada por Ana Catarina Mendes, Fernando Rocha Andrade “foi um dos melhores da sua geração, um espírito sempre livre e lúcido, irreverente e consistente, um prestigiado académico, que parte cedo demais e deixa um imenso vazio”.

“Apesar da sua retirada da vida política ativa e do seu regresso a uma carreira académica que todos reconheciam como brilhante, na “sua” Universidade de Coimbra, Fernando Rocha Andrade manteve sempre o seu empenho e sua militância ativa no PS – que já mantinha desde os tempos da JS -, colaborando em tudo o que lhe era solicitado, e emprestando sempre o seu imenso conhecimento, sageza política, a sua camaradagem e a sua amizade, com o mesmo espírito e entusiasmo, até ao fim”, refere-se.

A bancada socialista considera depois que a sua morte tão prematura constitui “um terrível abalo”.

“Recordá-lo-emos como uma referência para toda uma geração de socialistas, pela sua inesgotável capacidade técnica e política, pela ironia permanente com que encarava a vida em todas as suas dimensões, por ter sido sempre, em todas as circunstâncias e acima de tudo, um cidadão livre. À sua família, aos seus amigos e aos seus camaradas queremos expressar, neste momento tão doloroso, toda a nossa solidariedade. A vossa perda é a nossa perda, a vossa dor é a nossa dor”, acrescenta-se.

No plano da ação governativa, Fernando Rocha Andrade foi primeiro subsecretário de Estado da Administração Interna do XVII Governo Constitucional (2005-2007), liderado por José Sócrates, num Ministério tutelado por António Costa.

Com a formação do primeiro executivo liderado por António Costa, desempenhou as funções de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais entre novembro de 2015 e 2017.

Na esfera partidária, Fernando Rocha Andrade foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo de Aveiro, na XIII legislatura (2015 e 2019), tendo integrado as comissões de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e de Orçamento e Finanças.

Foi membro da primeira equipa do Secretariado Nacional do PS liderada por António Costa a partir de novembro de 2014.

Na equipa que elaborou o cenário macroeconómico do programa eleitoral que o PS apresentou para as legislativas de 2015, que foi liderada pelo atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, Fernando Rocha Andrade foi o único elemento que não tinha formação profissional de economista.

Fernando Rocha Andrade licenciou-se em Direito em janeiro de 1995 com uma média de 16 valores e concluiu o mestrado em jurídico-económicas em 2022.

Docente da Faculdade de Direito de Coimbra desde 1995, lecionou nas disciplinas de Economia Política, Economia e Finanças Públicas e Finanças Públicas I e II, da licenciatura em Direito; e de Finanças Públicas da Licenciatura em Administração Público-Privada.

Ainda em relação ao plano da ação governativa, Fernando Rocha Andrade foi adjunto de António Costa quando o atual primeiro-ministro desempenhou as funções de ministro dos Assuntos Parlamentares no XIII Governo Constitucional (1995-1999), o primeiro liderado por António Guterres.

No segundo executivo de António Guterres, entre 2000 e 2022, foi novamente Adjunto de António Costa como ministro da Justiça no XIV.

Desempenhou ainda funções de assessor do presidente do Tribunal Constitucional em 2003, foi administrador não executivo e membro da comissão de auditoria da REN, Redes Energéticas Nacionais, SGPS, S.A. (2008-2011).