"Tudo se resume a um processo em tribunal, onde um casal diz que celebrei um contrato mútuo no valor de 220 mil euros, mas eu nunca cheguei a receber esse dinheiro e o que eles queriam eram ficar com o forte", explicou à Lusa, Renato Barros.
O professor de Educação Visual não se alongou muito nas explicações, afirmando que o processo decorre no tribunal.
"O contrato nunca foi celebrado porque me era exigido um seguro de vida e eu tenho uma incapacidade de mais de 60%, o que não me permitia", disse.
Renato Barros explicou ainda que se opôs hoje a uma agente de execução por considerar que "eles só queriam ficar com o forte".
Por se ter oposto, Renato Barros foi detido e levado para o comando para ser identificado.
"A GNR foi dar apoio a uma diligência processual para proceder ao encerramento das instalações [no ilhéu] e a detenção dá-se no momento em que o senhor Renato Barros se opôs à decisão", disse o porta-voz do comando territorial da Madeira, Marco Nunes.
Entretanto, Renato Barros já saiu em liberdade.
A história do ‘principado da Pontinha' remonta a agosto de 1903, quando o rei de Portugal, D. Carlos I, procedeu, mediante Carta Régia, à venda em hasta pública do Forte de São José, localizado num pequeno ilhéu junto ao porto do Funchal.
Quase cem anos depois, em outubro de 2000, o imóvel foi adquirido por Renato Barros, sem este saber inicialmente que a Carta Régia documentava não só a venda da propriedade, como também o domínio do ilhéu.
Foi assim que o professor decidiu autodenominar-se ‘príncipe do ilhéu da Pontinha'.
O ‘principado' teve já alguns episódios marcantes, como, por exemplo, em fevereiro de 2017, quando José Manuel Coelho, deputado eleito à Assembleia Legislativa Regional, foi pedir "asilo político" ao autoproclamado príncipe, para fugir à prisão de um ano a que tinha sido sentenciado.
"Vim fugido da República Portuguesa porque me querem prender aos fins de semana", declarou na altura José Manuel Coelho numa chegada encenada àquele rochedo que o proprietário Renato Barros autoproclamou independente, acrescentando: "A República Portuguesa pode roubar-me o salário e tudo o que tenho, mas não me pode roubar o sentido de humor e o desejo de liberdade".
Na altura, o deputado regional também exibiu um suposto bilhete de identidade "emitido e assinado pelo príncipe Renato I".
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