De acordo com a agência de notícias Associated Press, a fila de prisioneiros libertados, alguns acusados de delitos menores e outros condenados por ataques, levou multidões de palestinianos a um frenesim de cânticos, palmas, acenos de mãos e gritos, num posto de controlo fora de Jerusalém.

Enquanto 15 jovens, ainda envergando uniformes da prisão cinzentos e manchados, passavam pelas ruas nos ombros dos pais, com lágrimas nos olhos, o céu noturno iluminava-se de fogo de artifício e ouvia-se música pop patriótica palestiniana.

Alguns dos libertados estavam envoltos em bandeiras palestinianas, outros nas bandeiras verdes do Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos.

“Não tenho palavras, não tenho palavras”, disse Jamal Brahma, um dos prisioneiros recém-libertados. “Graças a Deus”, acrescentou o jovem de 17 anos, enquanto era levado aos ombros do pai, Khalil Brahma.

As forças israelitas detiveram Jamal na sua casa, na cidade palestiniana de Jericó, na primavera passada e o jovem esteve até agora na prisão sem ser acusado ou ir a julgamento.

“Eu só quero voltar a ser pai dele”, disse Khalil.

Cerca de 2.200 palestinianos — um recorde histórico — estão atualmente em “detenção administrativa” em Israel, com base em provas secretas, sem terem sido acusados ou levados a julgamento, de acordo com o Clube dos Prisioneiros Palestinianos.

Embora a atmosfera fosse festiva na cidade de Beitunia, perto da prisão israelita de Ofer, na Cisjordânia, as pessoas estavam nervosas.

O Governo de Israel ordenou que a polícia impedisse quaisquer celebrações da libertação dos prisioneiros.

A certa altura, as forças de segurança israelitas lançaram bombas de gás lacrimogéneo contra a multidão, fazendo com que jovens, mulheres idosas e crianças pequenas fugissem enquanto choravam e gritavam.

Os detidos palestinianos libertados na sexta-feira incluíam 24 mulheres, algumas das quais foram condenadas a anos de prisão por tentativas de esfaqueamento e outros ataques contra as forças de segurança israelitas. Outras foram acusadas de incitação nas redes sociais.

Havia também 15 adolescentes, a maioria deles acusados de atirar pedras e de “apoiar o terrorismo”, uma acusação que tem sido usada de forma muito ampla pela justiça de Israel.

Grupos de direitos humanos estimam que mais de 750 mil palestinianos passaram pelas prisões israelitas desde que Israel capturou a Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental em 1967.