Numa nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) hoje publicada, a que a agência Lusa teve acesso, o organismo refere que a aeronave Reims Cessna F150J descolou do aeródromo pelas 14:00 para um voo de instrução com um instrutor e um aluno piloto a bordo.

O voo, é indicado, foi desenvolvido “sem qualquer reporte” de anomalias ou dificuldades técnicas.

“Após regresso ao aeródromo, pelas 15:28 foi iniciada a segunda fase do treino planeado para a missão, com três circuitos realizados na pista de serviço 21, sem qualquer reporte de anomalias ou dificuldades técnicas”, lê-se no documento.

De acordo com a nota, pelas 15:45, na linha de subida da pista 21, para o que seria o último circuito de treino, o motor da aeronave “evidenciou problemas de funcionamento, recuperando logo de seguida para rotações de potência de descolagem e, em sequência, terá perdido a potência por completo”.

O GPIAAF relata que a aeronave, “a sobrevoar a zona da soleira da pista 03, voltou à direita por alguns instantes” num rumo oeste, seguindo-se “uma volta de 270º” também pela direita “em descida não controlada”.

“Decorrente da perda de controlo, e sem recuperar de uma atitude de nariz em baixo pronunciada, a aeronave colidiu inicialmente com a ponta direita da asa no solo, imobilizando-se a poucos metros”, é referido na nota informativa.

Como “constatações relevantes”, o GPIAAF sublinha que a tripulação “estava devidamente autorizada e certificada” para realizar o voo e que a aeronave “estava autorizada” a voar de acordo com os regulamentos em vigor.

“A tripulação da aeronave acidentada manteve as comunicações bilaterais com os serviços de informação de tráfego do aeródromo e informação de voo em rota, sendo que durante todo o voo nada foi reportado sobre algum problema técnico ou limitação da tripulação ou aeronave”, acrescenta.

Mas, alerta ainda o GPIAAF, que “as evidências sugerem que o motor não estava a debitar potência no momento do impacto com o solo”.

O GPIAAF adianta ainda que, após a conclusão da investigação, irá publicar o relatório final.

Caso não seja possível concluir o documento “no prazo de 12 meses”, “será apresentado um relatório intercalar pelo menos em cada data de aniversário”, descrevendo os progressos da investigação e os problemas de segurança eventualmente encontrados, acrescenta o organismo.

O alerta para a queda da aeronave de instrução no aeródromo municipal, com dois homens a bordo, ambos portugueses, foi dado às 15:49, provocando a morte do instrutor, de 36 anos, e ferimentos graves no instruendo, de 19 anos.

O ferido grave foi helitransportado para o Hospital de São José, em Lisboa.