Cerca de três mil das 10 mil aves que participaram numa corrida de velocidade entre o Algarve e o Porto, no fim de semana de 12 e 13 de junho, não voltaram a casa. Desorientados por um forte temporal que atingiu a costa atlântica da Península Ibérica nesses dias, muitos terão ficado desorientados e desviaram-se da rota. Alguns estão a ser resgatados na Galiza e nas Astúrias... a mais de 500 quilómetros de distância do ponto de partida.

"Muitos devem ter entrado pelo mar dentro e tiveram dificuldades em sair. Muitos foram parar às Berlengas e outros perderam-se algures ali no Alentejo e acabaram por ir parar à Galiza", explicou ao Diário de Notícias José Luiz Jacinto,  presidente da Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC).

O primeiro alerta foi dado por um polícia e criador com 120 aves de Vigo. Segundo o espanhol El País, quando dois destes pombos-correio pousaram, Enrique García conseguiu verificar que tinham o distintivo de Portugal.

García contactou então a Federação Portuguesa da Columbofilia, que tratou do regresso das duas aves a casa, na zona do Porto. Mas os pombos não pararam de chegar. Mais dois, mais um... Na quinta-feira, o polícia-criador tinha nove localizados, "cada um de um criador diferente".

Mais de cinquenta aves apareceram nos concelhos galegos de Mos, Mondariz, Oia e Santiago, alguns da costa de Lugo e mesmo nas Astúrias. "Aquele que chegou a Ourense não vai sobreviver porque deve ter sofrido um golpe", lamentou o columbófilo espanhol.

Estas aves distinguem-se pelos seus anéis; o primeiro com uma inscrição que atesta a sua data de nascimento e a sua origem portuguesa, e o segundo com um microchip de identificação que nas competições desportivas é utilizado para registar os tempos de descolagem e chegada.

166 resgatados

A Federação Portuguesa de Columbofilia (FPC) resgatou este domingo 166 dos pombos-correio perdidos em Espanha. As aves de criadores dos distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Faro, Lisboa, Porto e Viana do Castelo foram separadas, alimentadas e abeberadas e serão agora entregues às associações distritais que os farão chegar aos seus proprietários.

Numa publicação na sua conta oficial do Facebook, a Federação afirma que "continuam a ser localizados pombos-correio na zona da Galiza" e que a FPC "fará todas as diligências necessárias para garantir o seu regresso a casa".

Ao El País, Enrique García explica que estas pombos-correio são competidores de elite que podem viajar até mais de 50 quilómetros por hora. Já José Luiz Jacinto, ao DN, acrescenta que em todas as competições costuma haver perdas e atrasos de dois ou três dias.