“Temos 200 vacarias que fecharam a atividade. Não falámos de 200 pessoas, porque as vacarias têm funcionários. Estas vacarias têm um conjunto de fornecedores e, portanto, se as coisas continuarem assim, certamente este ano poderão fechar mais 200 ou 300 [vacarias], disse Marisa Costa, vice-presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), entidade que organizou hoje a manifestação no Porto, intitulada “Por um Futuro sustentável da produção de leite em Portugal”.

O objetivo da manifestação de hoje na Avenida dos Aliados, em frente à Câmara Municipal do Porto, foi “alertar o Governo e os vários partidos para a necessidade de aplicar no terreno a nova Política Agrícola Comum (PAC), permitindo a sobrevivência imediata dos agricultores, com o objetivo de desafiar, mais uma vez, a indústria e a distribuição a dialogarem para colocar o preço do leite ao produtor em níveis sustentáveis”, explica a APROLEP num comunicado distribuído à comunicação social.

“O que nos faz estar cá hoje tem a ver com um desrespeito e uma falta de empenho por parte do Ministério da Agricultura em defender o setor leiteiro”, alega Marisa Costa, ironizando que o Ministério da Agricultura é “muito bom a comunicar”, dando, “infelizmente a ideia” que os agricultores querem “apoios”.

Segundo Marisa Costa, qualquer produtor de leite abdica dos apoios desde que seja pago “um preço justo”.

A vice-presidente da APROLEP argumenta que é necessário que o Ministério da Agricultura tenha” mais peso” e “mais empenho” em defender a necessidade de receber apoios para equilibrar as contas no final do ano.

Segundo Marisa Costa, os apoios são a “mais valia para o consumidor”, porque são estes que permitem, ao final do ano, “equilibrar as contas e conseguir produzir abaixo do custo de produção”.

“É necessário que o Ministério da Agricultura tenha mais peso, mais empenho em defender esta necessidade em receber apoios para conseguirmos equilibrar as contas no final do ano.

Dados da APROLEP indicam que em 2020, Portugal perdeu “200 produtores de leite” e que “restam apenas quatro mil agricultores” no setor leiteiro.

“Os que resistem, ou sobrevivem, estão cansados, revoltados e muito preocupados com o futuro”, pois em dezembro passado “o preço médio ao produtor foi 30,4 cêntimos por quilo, um dos mais baixos da Europa”.

“O leite está a ser pago aos produtores abaixo dos custos de produção”, reforçou, acrescentando que a APROLEP vai celebrar 11 anos no próximo mês de março e que há 11 anos que pedem um preço justo.

Para os agricultores e produtores de leite, mais importante que as ajudas seria receber um preço justo.

“Esse tem sido o foco da APROLEP desde a sua fundação em 2010, mas até atingir esse ideal as ajudas serão fundamentais”, concluiu a responsável.