“Incluir a redução e a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e a eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis é contrário aos princípios do Acordo de Paris”, afirmou o chefe da delegação iraquiana, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP), acrescentando que “isso iria perturbar a economia global e aumentar as desigualdades no mundo”.
No mesmo sentido, a Arábia Saudita defendeu que as suas “perspetivas e preocupações” e dos produtores de petróleo e gás devem ser tidas em conta nas negociações que estão a decorrer na reta final da conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que decorre no Dubai.
Os 194 países e a União Europeia envolvidos nas negociações no Dubai devem “abordar a redução das emissões de gases com efeito de estufa, acelerar o desenvolvimento de todas as tecnologias com baixo teor de carbono, mas também ter em conta” as “perspetivas e preocupações” da Arábia Saudita, salientou o representante saudita durante um “majlis’, uma tradição muçulmana convocada pelo presidente dos Emirados Árabes Unidos da COP28, Sultan Al Jaber, que consiste em reunir os representantes dos países num círculo e em pé de igualdade.
Para a Arábia Saudita e o Iraque, dois dos maiores produtores mundiais de petróleo, existem “constantes tentativas políticas de visar determinados setores energéticos, mas de todas as vezes a ciência, o bom senso e os princípios prevaleceram”, disse com satisfação, segundo a AFP.
A dois dias do final previsto das negociações, o presidente da COP28, que é também o diretor da companhia petrolífera nacional dos Emirados Árabes Unidos, outro dos principais produtores de petróleo no mundo, esperava resolver os pontos de fricção, começando pelas discussões sobre o destino do petróleo, do carvão e do gás.
Também hoje, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) disse que não se opunha a um texto que mencionasse a redução ou o fim dos combustíveis fósseis, desde que não seja estipulado um prazo, porque isso seria irrealista.
Segundo a agência de notícias espanhola, a Efe, que cita uma fonte da OPEP nas negociações, os países exportadores de petróleo, onde se incluem os lusófonos Angola e Guiné Equatorial, vincaram que “a procura continua a crescer” e acrescentaram: “Perguntem aos países que compram petróleo porquê, não somos nós que lhes dizemos para comprar, não os obrigamos, só fornecemos o que pedem”.
Na conversa com a Efe para apresentar o ponto de vista dos produtores petrolíferos, esta fonte da OPEP lembrou as hesitações da União Europeia em definir uma data para o fim dos veículos a gasóleo e gasolina, e salientou que os combustíveis fósseis não servem apenas para os veículos, mas também para alimentar a indústria petroquímica, que alimenta toda a indústria farmacêutica.
A OPEP junta os países produtores que detêm quase 80% das reservas de petróleo e inclui a Arábia Saudita, Argélia, Angola, República do Congo, Emirados Árabes Unidos, Guiné Equatorial, Gabão, Irão, Iraque, Kuweit, Líbia, Nigéria e Venezuela, tendo bombeado, entre 1993 e 2022, mais de 40% da produção mundial total, de acordo com o site da OPEP.
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