“Há dois anos foi atingido um marco no crescimento na produção, quando foi ultrapassada a barreira de um milhão de selos”, revelou à Lusa a presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), Sara Silva, acrescentando que o número de produtores triplicou de 16, em 2010, para 45, no ano passado.
Contudo, de acordo com aquela responsável, apenas “30 e poucos estão a colocar produto no mercado ativamente”, sendo que os outros aguardam para lançar o produto “ainda este ano”, o que faz com que seja expectável um “aumento de referências no mercado” em 2020, sublinhou.
No Algarve há atualmente 1.500 hectares de vinha cultivada, mas “apenas 800 são controlados pela comissão e inscritos para a produção de vinho de indicação geográfica e denominação de origem Algarve”, havendo ainda uma parte da vinha que “não é canalizada para a produção de vinho de qualidade”, informou.
No entanto, há uma previsão de crescimento, já que existem “vários projetos” para novas plantações, “seja de produtores já inscritos na CVA” ou de potenciais novos produtores, sendo que em 2019 houve pedidos para um aumento de cerca 150 hectares para novas plantações para produção de vinho certificado.
O crescimento do número de produtores e da área de vinha cultivada dá-se após um período de declínio do setor, sobretudo no litoral, onde, a partir 1970 as vinhas foram sendo substituídas por campos de golfe e empreendimentos.
A adega cooperativa de Lagoa, por exemplo, chegou a produzir por ano quase quatro milhões de litros de vinho, sendo que era o vinho desta zona do Algarve que abastecia os militares que lutavam nas ex-colónias portuguesas em África.
Formada por agremiação de agricultores locais em 1944 e oficialmente declarada em 1951, foi a primeira do país onde se formularam os processos legais e os procedimentos que estiveram na base da criação das muitas adegas que se lhe seguiram.
Lamentando não ser possível aferir dados fiáveis de vendas reais dos vinhos algarvios, a presidente da CVA adiantou que na campanha de 2018 foi atingido o recorde de “um milhão e 400 mil selos”, divididos pelas cerca de “300 referências das várias marcas da região”.
Em 2019 foram vendidas menos 100 mil garrafas, no que Sara Silva classificou como “variações normais”, já que há anos em que os produtores lançam “mais vinhos de reserva ou lotes especiais”.
No último ano, a CVA efetuou um controlo “muito intenso” ao cadastro dos viticultores, para que se tenha uma “noção real” dos hectares de vinha existentes na região e seja possível “garantir a proveniência das uvas”, que é a “essência” de todo o processo de certificação, realçou.
“Temos uma aposta na certificação dos nossos produtos de qualidade, que passa por técnicos formados, por um rigor na análise em todos os momentos, desde a vinha até à colocação do selo e no controlo do mercado”, afirmou, reforçando que assim “se garante ao consumidor” que o produto tem “garantia de qualidade”.
As vendas dos vinhos algarvios “têm crescido” na restauração, acima de tudo no Algarve, região para onde é escoada 80% da produção, já que a produção “não permite muito mais”.
Segundo Sara Silva, apenas 10% da produção é exportada, através de contactos diretos, uma vez que 40% dos produtores são estrangeiros, o que “facilita a venda no mercado europeu”.
A CVA lançou recentemente uma nova imagem da marca Vinhos do Algarve e uma campanha que procura dar um maior destaque dos seus produtos nos restaurantes e hotéis da região.
A região demarcada do Algarve data de 1980, existindo quatro regiões que produzem vinho com Denominação de Origem: Lagoa, Lagos, Portimão e Tavira.
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