“O PCP trouxe a este debate cerca de três dezenas de soluções e compromissos concretos (…). Não houve um a que o PS ou o Governo dessem perspetiva de querer corresponder e assim deixaram levar pelo vento as vãs proclamações de abertura e disponibilidade para o diálogo e para a convergência”, disse Jerónimo de Sousa, na intervenção final do debate do Programa do Governo, na Assembleia da República.

O dirigente comunista sustentou que não houve “sequer abertura para aqueles [problemas] que são mais urgentes, como a valorização de todos os salários, incluindo do salário mínimo nacional para 850 euros no curto prazo”, assim como das reformas e pensões, através de um “aumento extraordinário que reponha o poder de compra perdido com a inflação”.

“Quando o Governo afirma que a resposta à inflação não pode ser o aumento dos salários e das pensões, então está a dizer que serão os trabalhadores e os reformados a pagar a crise com as suas condições de vida”, acusou o secretário-geral do PCP.

Fitando os membros do XXIII Governo Constitucional, Jerónimo de Sousa disse que “não surpreende que sejam essas as opções do PS nem essa a atitude da sua maioria absoluta”.

Na ótica do PCP, “o que pesa negativamente” é a “recusa na resposta aos problemas que infernizam” os portugueses e “comprometem o desenvolvimento” do país.

“Os grandes problemas que o país enfrenta não são novos, nem inesperados ou desconhecidos”, prosseguiu Jerónimo de Sousa, e a pandemia e a crise nas cadeias de abastecimento, provocada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, expuseram “um país que não satisfaz as suas necessidades na saúde” e que “desperdiça capacidades e recursos na produção agroalimentar”.

Jerónimo de Sousa enunciou várias medidas que acredita que deviam fazer parte da “política que o povo e o país precisam, que o Programa do Governo não fala e que o PS recusa”. Entre elas, uma política “de combate às desigualdades e injustiças” e de valorização das condições de vida dos trabalhadores; uma política “que valorize os salários e as pensões” e altere a legislação laboral; uma política que “aposte na produção nacional, na agricultura nas pescas e na indústria”.

“É essa a política capaz de garantir a resposta global aos problemas do País, de assegurar o desenvolvimento soberano e um futuro de progresso e justiça social, é essa a política por que o PCP continuará a bater-se. Não há razão para baixarmos os braços”, finalizou o secretário-geral do PCP.