“A torre relaciona-se com toda a cidade e com toda a Almirante Reis. A torre não é uma peça isolada. Eu defendo a torre porque é uma forma de intervenção na cidade perfeitamente válida”, considerou José Mateus, um dos projetistas da empresa ARX Portugal Arquitetos, responsável pelo Portugália Plaza.
No mesmo sentido, Nuno Mateus, outro dos projetistas, argumentou que o volume da torre permite que seja gerado espaço público.
Os arquitetos falavam numa sessão de debate público sobre o Portugália Plaza, que decorreu na sede daquela ordem profissional, em Lisboa.
O projeto prevê a construção de quatro edifícios, um deles com 60 metros e 16 andares, em terrenos atualmente abandonados no quarteirão da Portugália, na Avenida Almirante Reis, na freguesia de Arroios.
O futuro empreendimento contemplará cerca de 85 apartamentos “destinados a jovens profissionais e famílias de classe média”, habitação de convivência, escritórios, espaços comerciais, 413 lugares de estacionamento para automóveis e 99 para motas.
Os quatro novos edifícios e a reabilitação dos pré-existentes “conformam duas praças” ajardinadas abertas ao público e onde será possível atravessar a Avenida Almirante Reis e a Rua António Pedro.
José Mateus defendeu também que o projeto será constituído por estruturas verdes, “compostas essencialmente por plantas normais do universo mediterrâneo” e estruturas de água, argumentando também que o projeto se trata de uma “arquitetura bioclimática”.
Relativamente à questão das vistas, criticada pelo movimento “Stop Torre 60m Portugália”, José Mateus garantiu que a equipa projetista foi aos miradouros da Penha de França e do Monte Agudo, para ver “a presença do edifício na paisagem de Lisboa”, considerando-a “bem equilibrada.
As intervenções por parte da plateia ficaram sobretudo marcadas por arquitetos, embora nem todos tivessem partilhado da mesma opinião.
José Carvalho, um dos intervenientes, disse discordar que o projeto “respeita o desenvolvimento histórico de Lisboa”, como defenderam os projetistas, notando que “o elemento torre devia ser mais interiorizado e eventualmente mais calibrado com a volumetria da envolvente”.
“Pobres dos desgraçados que moram no edifício em frente” ao futuro prédio de 60 metros, lamentou outro munícipe, também arquiteto.
Por seu turno, Vítor Reis, antigo vereador na Câmara de Lisboa e arquiteto, argumentou que o projeto proposto “destrói a morfologia urbana da Almirante Reis” e que se cria um precedente, em que “outros promotores se vão achar no direito de repetir um dia a solução”.
Rita Cruz e Miguel Pinto, do movimento contra o edifício, teceram também várias críticas, tendo outro munícipe acrescentado que “cada prédio muito alto que se vai fazer vai ofuscar as colinas”.
Filipa Roseta, arquiteta e vereadora na Câmara de Cascais, pelo PSD, lamentou que o “espaço público não seja uma praça lateral”.
Por outro lado, Ana Roxo, também arquiteta, criticou que a torre tenha virado o centro da discussão, “em vez de se falar de um projeto que pensa a cidade”.
Perante as críticas, José Mateus realçou que “o projeto não está aprovado” e que poderá ser “aprovado com imposição de acertos”.
Questionado sobre o preço de um T2, José Gil, representante do promotor, respondeu que “depende do tempo de entrada no mercado”.
Nos últimos dias têm surgido diversas críticas à iniciativa urbanística, nomeadamente de autarcas, de arquitetos paisagistas e de munícipes.
Neste momento está também a decorrer uma petição ‘on-line’, com mais de 500 subscritores contra o projeto.
Na terça-feira haverá outra apresentação pública, agora no Mercado Forno do Tijolo, às 18:30.
O projeto, que inicialmente só podia ser consultado no edifício da câmara do Campo Grande e na Junta de Freguesia de Arroios, já está disponível para consulta no ‘site’ da autarquia.
Comentários