O projeto é sustentado num modelo pedagógico que envolve a Federação, a autarquia local e os quatro agrupamentos escolares que possuem 5.º e 6.º anos de escolaridade - a Federação forma os professores que, por sua vez, ensinam as crianças, cerca de um milhar, e a autarquia fornece os meios técnicos, que, no caso da Figueira da Foz, incluem 40 bicicletas, 10 por agrupamento escolar - e cuja implementação, Delmino Pereira, presidente da FPC, quer ver estendida ao território nacional.
Questionado pela agência Lusa sobre o projeto "o Ciclismo Vai à Escola" - nascido há dois anos, no ano letivo 2015/2016, em Anadia e que também pretendia estender-se à região e ao país, mas que, na altura, não teve continuidade imediata - o responsável federativo admitiu que o programa foi "pioneiro" naquele município do distrito de Aveiro "e foi um despertar para um problema", disse.
"Mas por vezes podemos ter políticas assertivas, estar com o melhor projeto do mundo, mas se a nossa comunidade não reagir positivamente, nós não conseguimos ter sucesso", alegou.
No entanto, Delmino Pereira acredita que, agora, o projeto é "irreversível", justificando, por um lado, com a crescente "consciência" dos governantes para um "problema de fundo que é o de as crianças não saberem andar de bicicleta", a que se juntam os investimentos em vários pontos do país no âmbito da mobilidade urbana suave, com implementação de ciclovias e na "despoluição das cidades".
"O ideal seria este modelo [federação, autarquias e agrupamentos de escolas, num projeto na escola durante um ano letivo, renovável], porque é o modelo melhor de todos, mete as bicicletas na escola e ensina os professores a ensinarem as crianças a andarem de bicicleta e consegue abranger todo o universo de alunos numa certa classe ", afirmou.
Delmino Pereira admitiu também que "não há uma fórmula ideal correta, antes vários níveis de intervenção" na promoção do uso da bicicleta entre os mais jovens, "porque as realidades do território também são desiguais", frisando que para além do modelo "que é dos mais viáveis" hoje protocolado na Figueira da Foz existirão outros dois, "a visita externa frequente e a visita espontânea".
"Foi o que aconteceu em Anadia, visitámos todas as escolas, mas foi só uma vez", explicou.
Após um protocolo, assinado em 2017 com a Direção-Geral de Educação sobre a estratégia a adotar para levar o ciclismo às escolas no âmbito do Programa Nacional Ciclismo para Todos, a Federação Portuguesa de Ciclismo irá publicar, em maio, um guião do modelo pedagógico e formativo, tendo Delmino Pereira reafirmado que a Figueira da Foz "é o primeiro município" do país a adotar o novo modelo.
Por outro lado, a Federação Portuguesa de Ciclismo pretende que o projeto possa também criar condições para que outros alunos possam ir de bicicleta para a escola, estando a criação de locais de estacionamento a cargo da autarquia, no âmbito do protocolo.
"Neste momento, em muitas escolas nem é possível entrar com a bicicleta", revelou Delmino Pereira.
Na sessão, João Ataíde, presidente da Câmara da Figueira da Foz, manifestou-se "admirado" ao saber que a "maior parte" das crianças, nos dias de hoje, não sabe andar de bicicleta.
"Não tínhamos a perceção dessa realidade", frisou o autarca, destacando investimentos em curso pelo município no âmbito da chamada mobilidade suave, nomeadamente os projetos de ciclovias que vão ligar Vagos (Aveiro) a Pombal (Leiria), com passagem pela Figueira da Foz e a ligação a Montemor-o-Velho e Coimbra, no âmbito da Ciclovia do Mondego.
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