“O projeto foi chumbado pelo Turismo de Portugal por causa dos custos elevados, mas não vamos desistir porque queremos o projeto na Torre dos Clérigos, para que todos possam descobrir o monumento”, declarou hoje o diretor executivo da Torre dos Clérigos, António Tavares, durante uma conferência na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto intitulada “Somos inclusivos? A importância da adaptação dos agentes culturais”.

À margem da conferência, António Tavares explicou à Lusa que o projeto, apresentado em 2016, juntou a Faculdade de Engenharia do Porto da Universidade do Porto (FEUP), bem como a extinta Provedoria da Câmara Municipal do Porto e os Clérigos.

Segundo aquele responsável, a aplicação tecnológica para ‘smartphone’ junta “tecnologia inovadora de áudio e GPS”, permitindo fazer o ‘download’ da aplicação e conhecer os Clérigos, deambulando pelo edifício dos Clérigos, descobrir as peças, os locais e estar mais acompanhado no processo de visita.

“É uma aplicação que dá para todos, mas em específico para cegos e [pessoas com] problemas de audição”, descreve, referindo que o orçamento para a execução do projeto é de cerca de 200 mil euros.

O chumbo pelo Turismo de Portugal foi conhecido "recentemente" e, por isso, António Tavares, assume que ainda tem esperança que haja uma reviravolta na decisão, porque o projeto que pode ser aplicado na Torre dos Clérigos, mas num “futuro próximo replicado noutros museus e noutras potencialidades turísticas em Portugal”.

António Tavares adiantou que estão a tentar rebater o chumbo e recorda que 87% do espaço da Torre dos Clérigos pode ser visitado por pessoas com necessidades especiais.

“A Faculdade de Engenharia também se mostrou muito ativa a tentar explicar melhor os pontos chaves do projeto e estamos a aguardar uma nova decisão”, realçou.

A Torre dos Clérigos tem sido um “agente provocador” quer na região quer em Portugal, sobre a acessibilidade num monumento que foi construído no século XVIII e onde existem ainda muitas barreiras à visita de pessoas com necessidades especiais, concluiu.

A Lusa tentou junto do Turismo de Portugal obter esclarecimentos do chumbo do projeto, mas até ao momento tal não foi possível.

O conjunto arquitetónico dos Clérigos, monumento nacional que inclui Torre e Igreja, atingiu em 2018 o recorde de um milhão e 300 mil visitantes contabilizados pelos sensores à entrada do edifício.

Durante a conferência “Somos inclusivos?" e que medidas estavam a ser tomadas para mais inclusão nas instituições culturais da cidade, os convidados asseveraram estar a desenvolver formas de inclusão.

Na divisão municipal de Museus do Porto, que integra por exemplo o Museu Romântico, a Casa do Infante ou Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, a responsável do departamento, Inês Borges, defendeu que a atitude de ser inclusiva é também fazer sentir as pessoas bem-vindas e revelou que cada museu da autarquia está a estudar a sua especialidade para lidar um caso de limitação e depois partilhar esse conhecimentos com os seus pares.

Jorge Prendas, do Serviço Educativo da Casa da Música, contou, por seu lado, que todas as oficinas daquela instituição são adaptadas a pessoas com dificuldades

Pedro Negrão, da empresa Douro Azul, disse que estão a investir em cais próprios com as rampas de acesso poderem estar habilitados às necessidades especiais de cada cliente e acrescentou que os navios têm todos os ‘decks’ acessíveis e têm investido em “áudio guias” que permitam a toda a gente acompanhar o percurso turístico.

Carla Barros, da Casa da Arquitetura, destacou a iniciativa que a instituição organiza, a ‘Open House Porto’, onde os arquitetos são convidados a fazer as “visitas inclusivas” a pessoas com dificuldades especiais seja no teatro, num jardim ou no Terminal de Cruzeiros de Leixões.

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