Segundo André Fernandes, comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), "o dia 13 de julho foi o dia com maior atividade operacional, com 193 ocorrências. Mantemos este global total, desde o dia 8 de julho até dia 15 de julho, com 1064 ocorrências". "Até às 12:00 de hoje tivemos 31 ignições, sete das quais se mantém ativas, duas das quais transitam do dia de ontem", acrescentou.

Há quatro fogos considerados "mais significativas" nesta altura, sendo eles "uma a concorrência em Ponte da Barca, no Lindoso, Viana do Castelo; duas ocorrências em Baião, no Porto; e uma ocorrência em Bragança, um incêndio que teve origem em Espanha e se está a aproximar da fronteira portuguesa", disse André Fernandes. "Temos meios despachados e a fazer o combate para evitar que o incêndio entre em território nacional", acrescentou.

570 operacionais, 179 meios terrestres e 7 meios aéreos estão exclusivamente dedicados a estas quatro ocorrências, enumerou.

Nos locais que estão já em fase de resolução e conclusão estão mobilizados 1828 operacionais, 547 meios terrestres e três meios aéreos. O dispositivo "robusto" visa acautelar reativações, acrescentou André Fernandes.

No total, os incêndios provocaram 187 feridos, dos quais 90 são agentes da proteção civil e 93 são civis. Há ainda quatro feridos graves a registar, "sendo que nenhum destes corre perigo de vida".

No que diz respeito a danos materiais, o incêndio em Ourém, na Cumeada, danificou 28 habitações, anexos e garagens; o fogo em Abiul danificou 12 habitações, uma roulote, dois armazéns, uma aviário, uma serração e um anexo. Em Caranguejeira, Leiria, ficaram danificadas quatro habitações, uma vacaria e um pavilhão. Em Espite ficaram danificadas duas habitações e dois anexos; em Palmela 12 edificações, 5 das quais habitações; em Faro duas habitações e quatro viaturas, em Oliveira de Azeméis uma habitação e uma oficina foram afetadas pelo fogo, e em Caminha, que ainda está ativo, há registo de uma habitação danificada.

No total, 865 pessoas foram retiradas até ao momento das suas casas por causa dos incêndios. No entanto, continuam a ser feitas evacuações preventivas em Viana do Castelo e em Baião.

A28 em Caminha já foi reaberta, pelo que todos os itinerários principais em Portugal estão transitáveis.

A estimativa é de que 12 mil a 15 hectares tenham ardido até ao momento, sendo que o local mais afetado é em Cumeada. Os dados são provisórios e continuam em atualização.

O comandante nacional voltou hoje afirmar que o risco de incêndio “continua a ser extremo” e que este perigo vai manter-se a partir de segunda-feira, uma vez que o país atravessa a pior seca de que há registo.

“A partir de segunda-feira, há diminuição de temperatura, mas a humanidade relativa do ar continua ser baixa, a humanidade no solo e nos combustíveis, aqueles que podem arder, está em níveis nunca antes verificadas. Por isso as condições para as ignições tem um potencial de evolução muito rápido”, disse.

De acordo com a ANEPC, o dia com mais “atividade operacional” foi na passada quarta-feira, quando deflagraram 193 ocorrências de fogo.

Entre 08 a 15 julho registaram-se 1.064 ocorrências, que envolveram 36.335 operacionais, 9.842 meios terrestres e 550 missões de meios aéreos.

Segundo o comandante nacional, os dois aviões pesados anfíbios Canadair que chegaram de Itália na quarta-feira à tarde para apoiar o combate aos incêndios florestais vão continuar em Portugal até domingo.

Os outros dois aviões Canadair, franceses, previstos para apoiar Portugal no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil já não vão operar no país devido aos incêndios que se registam em França.

André Fernandes disse ainda que “não tem havido falta de água no combate” aos fogos, dando conta que existe “uma grande rede de pontos de água que estão validados para apoio ao dispositivo”, quer para os meios aéreos, terrestres ou mistos.

“Foram reforçados ao longo dos vários teatros de operações os veículos tanque oriundos dos corpos dos bombeiros para dar apoio e garantir a cadeia de logística de reabastecimento de água. Até agora do ponto de vista do combate não houve falta de água, tendo sido feita uma adequação às técnicas que são necessárias face à situação que estamos a viver”, afirmou.

Portugal Continental está em situação de contingência até domingo devido às previsões meteorológicas, com temperaturas muito elevadas em algumas partes do país, e ao risco de incêndio.

A situação de contingência corresponde ao segundo nível de resposta previsto na lei da Proteção Civil e é declarada quando, face à ocorrência ou iminência de acidente grave ou catástrofe, é reconhecida a necessidade de adotar medidas preventivas e ou especiais de reação não mobilizáveis no âmbito municipal.

Cinco distritos de Portugal continental mantêm-se sob aviso vermelho, o mais grave, devido ao tempo quente, com mais de uma centena de concelhos em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.