Num ponto de situação quanto às operações de resgate, José Ribeiro confirmou que, em consequência do deslizamento de terras que deslocou "uma quantidade muito significativa de rochas, de blocos de mármore", houve "dois operários da empresa que explora aquela pedreira que foram arrastados e que são neste momento são as duas vítimas de que é possível fazer a confirmação", adiantando que "são vítimas mortais".

O Comandante Distrital da Proteção Civil de Évora referiu que o acidente provocou também parte da parte da antiga Estrada Nacional 255, e que, "de acordo com os relatos que foi possível recolher, este deslizamento terá arrastado duas viaturas", sendo que esta é uma informação "dinâmica e estamos a todo momento a confirmá-la".

Numa informação prévia a este comunicado, o SAPO24 confirmou junto de fonte do Comando entro Distrital de Operações de Socorro de Évora a "suspeita de quatro a cinco vítimas mortais".

Dado estar-se perante "uma operação de complexidade extrema", o responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro de Évora não deixou um prazo para o término das operações, dado que estas serão " muito morosas, muito delicadas, em que cada decisão e cada ação terá de ser bem calculada, ponderada e validada sob pena de pormos em risco os próprios operacionais que estão no terreno".

Por essa razão, José Ribeiro espera "um desafio tremendo em termos daquilo que são as operações de resgate que nos esperam nas próximas horas, nos próximos dias e, provavelmente, da próxima semana". No terreno disse estarem 84 operacionais apoiados por 39 veículos, sendo este "um dispositivo muito substancial em prevenção para podermos intervir". Para já, o comandante confirmou que se encontram equipas já dentro da pedreira.

No entanto, o comandante já deixou claro qual é o plano de ação para amanhã, sendo que a Proteção Civil terá o apoio do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), do Departamento de Geologia e Minas, da Engenharia Militar do responsável técnico da pedreira, para "no local, de forma cuidada, apurada, e responsável podermos fazer uma avaliação criteriosa daquilo que são as operações e as manobras que podemos executar para o resgate das vítimas." O objetivo no imediato "é o resgate daquelas duas vítimas".

Também António Anselmo, Presidente da Câmara Municipal de Borba, esteve presente nesta comunicação, aproveitando para deixar "condolências às vítimas" e para ressalvar que, assim que teve conhecimento da ocorrência do acidente, se deslocaram ao local e que, em conjunto com as autoridades, começaram "logo a atuar".

Estando a ex-EN255 ao encargo da sua autarquia, António Anselmo assumiu que "se alguém tem responsabilidade sou eu", mas ressalvou que, de acordo com as avaliações feitas no terreno pelos técnicos, "a situação estava perfeitamente segura". Resta agora, disse o autarca, "saber concretamente o que se passou".

Contactada pelo SAPO24, fonte das Infra-estruturas de Portugal informou que esta via não consta do plano rodoviário nacional e, portanto, não é da responsabilidade desta entidade. A via em causa dá acesso às pedreiras e armazéns na zona, segundo a mesma fonte.

Durante a tarde, fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) indicou à agência Lusa que o aluimento de um troço da Estrada Nacional (EN) 255, no percurso entre Borba e Vila Viçosa, provocou a queda de “dois veículos civis” para dentro de “uma pedreira com 50 metros de profundidade”. A mesma fonte realçou que, além de fazer cair um “veículo ligeiro e uma carrinha de caixa aberta”, a terra com a água da pedreira provocou também o “deslocamento de uma retroescavadora com o maquinista e auxiliar”.

Segundo o INEM, foi avistada “a retroescavadora com o corpo de uma das vítimas”, mas na altura não pôde confirmar a situação desta pessoa, por “dificuldade de acesso”. Segundo a mesma fonte, a retroescavadora seria de uma empresa que opera numa das pedreiras da zona, enquanto os automóveis seriam de particulares e adiantou que o alerta foi dado às 15:45.

O INEM acrescentou ter acionado um helicóptero, uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER), uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV) e diversas ambulâncias de várias corporações de bombeiros, além de uma equipa de psicólogos.

Ao local deslocaram-se António Anselmo, e o vice-presidente e vereador da Proteção Civil, Joaquim Espanhol.

O piso da estrada abateu para dentro de duas pedreiras, que ficam contíguas à via, uma ativada e outra desativada, segundo fontes locais contactadas pela Lusa.

Questionado sobre se existiam indícios de que a situação pudesse vir a ocorrer naquela estrada, António Anselmo rejeitou tratar-se de uma "tragédia anunciada".

"Eu penso que não, nunca na vida. É uma tragédia, é um acidente", afirmou.

Fonte da GNR de Évora explicou ao SAPO24 que a instabilidade do local está a dificultar as operações.

Um percurso de cerca de cinco quilómetros desta estrada está ladeado de pedreiras de mármores.