Segundo Margarida Castro Martins, diretora do SMPC de Lisboa, a experiência da ocorrência de outros sismos diz que se estima que a resposta organizada dos serviços de emergência “pode demorar até cerca de 72 horas”, ou seja três dias, e que neste período 95% da ajuda é assegurada pela população, familiares, vizinhos e amigos.

A responsável, que falava numa iniciativa promovida pela associação Lisboa E-Nova – Agência de Energia-Ambiente de Lisboa, sobre o “Planeamento Local de Emergência”, explicou que a câmara da capital está assim a preparar com as juntas de freguesia a prevenção e resposta para a ocorrência de um sismo e ‘tsunami’.

Isto tendo em conta que ninguém conhece melhor o território e as populações do que as juntas de freguesia, os seus trabalhadores e os seus residentes.

A dirigente do SMPC salientou que o risco sísmico na Área Metropolitana de Lisboa (AML) é considerado “elevado a muito elevado” e que a base da resposta da autarquia da capital é o Plano Especial de Emergência da Proteção Civil para o Risco Sísmico na AML e Concelhos Limítrofes.

O município lisboeta, com 24 freguesias e 545.796 habitantes, tem no Lumiar a freguesia mais populosa, com 46.334 residentes, e na Misericórdia a menos populosa, com 9.658 moradores, que naturalmente possuem “realidades diferentes”, e apenas estão em vigor Unidades Locais de Proteção Civil (ULPC) nas freguesias de Alcântara (2016), Misericórdia (2020) e Penha de França (2021).

A autarquia está a elaborar os planos locais de emergência nas freguesias das Avenidas Novas, Beato, Belém, Campo de Ourique, e a atualizar os de Arroios e dos Olivais.

Além dos planos de risco sísmico, a autarquia está também a promover um plano de evacuação da zona ribeirinha em caso de ‘tsunami’, com um sistema de aviso e alerta, na sequência de um sismo.

O município já possui instaladas duas sirenes, na Praça do Império, na freguesia de Belém, e na Ribeira das Naus, na freguesia de Santa Maria Maior, e tem planeadas para 2024 mais duas, na Doca de Santos, (Alcântara) e Estação de Santos (Estrela), prevendo no mínimo mais seis sirenes nas freguesias ribeirinhas, até 2026.

O diretor nacional de prevenção e gestão de riscos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Carlos Mendes, deu a conhecer os trabalhos desenvolvidos na avaliação de risco sísmico na AML, que servem ainda para o plano da região do Algarve.

O responsável também salientou que neste tipo de eventos “a primeira resposta é sobretudo uma resposta de proximidade”, que “muitas vezes nem é protagonizada pelas estruturas organizadas de socorro” e que, nas primeiras horas, funcionam principalmente “mecanismos de entreajuda de cidadãos”.

O plano de emergência da AML e concelhos limítrofes envolve mais de uma centena de entidades “para a resposta coordenada” a uma situação de sismo, e no caso de um terramoto com magnitude 6.1 na escala de Richter, estão previstos meios de apoio de distritos de fora da zona, e a definição de pistas para a assistência internacional, nomeadamente as bases aéreas de Monte Real e Beja, ou de Sintra e Montijo.

Os mecanismos de apoio internacional podem vir de França, Espanha e Marrocos, mas Carlos Mendes notou que, no caso de um sismo como o de 1755, Espanha e Marrocos também podem ser afetados, e por isso a ajuda terá de ser prestada no âmbito de outros países europeus.

A sessão da Lisboa E-Nova, segundo Eduardo Silva, da organização, apesar de alguns problemas técnicos, visou sensibilizar para o risco sísmico na cidade de Lisboa e na AML, com o objetivo de garantir uma cultura de prevenção, premente para antecipar não só “a capacidade de resposta, mas também a forma como a resposta é dada”, numa situação de eventual catástrofe.