As tensões aumentaram quando cerca de 3.000 migrantes da caravana começaram a concentrar-se em Tijuana nos últimos dias após cerca de um mês de caminhada, enquanto o Governo federal mexicano calcula que o número total poderá ascender a 10.000 pessoas.

Os inspetores fronteiriços dos EUA estão a processar apenas 100 pedidos de asilo por dia no principal posto fronteiriço de Tijuana, a caminho de San Diego. Os requerentes de asilo registam a sua identidade num bloco de notas gerido por migrantes, e que já possuía mais de 3.000 nomes antes da chegada da caravana, indicou a agência noticiosa Associated Press (AP).

Convocados nas redes sociais pelo “Movimento cidadão contra o caos da caravana migrante”, os manifestantes concentraram-se na rotunda Cuauhtémoc, no centro de Tijuana, e quando era cancelada uma manifestação de apoio a esta caravana que saiu das Honduras há um mês.

“Desperta México, não queremos problemas, fora os maras [grupo criminoso centro-americano], México para os mexicanos”, ecoaram os manifestantes.

“Os migrantes entraram violando a soberania mexicana e humilhando-nos. Não vamos permitir que eles fiquem e entrem como querem no México e em Tijuana, por uma Tijuana melhor não devemos permitir que tragam delinquentes”, disse um homem encapuçado, vestido com uma camisola da seleção mexicana de futebol.

“Em Tijuana não estamos contra os migrantes que queiram melhorar a sua vida, o que se pede é ordem e que se respeite a lei”.

Outro manifestante assegurou que em Tijuana “fez-se o que não se fez no resto do México” e acusou os organizadores da caravana de manipulação e de obterem diversos recursos através da mobilização dos migrantes.

“Os centro-americanos violaram a fronteira sul e ao fazerem isso violaram a soberania nacional e a partir desse momento poderiam ser reprimidos, mas os mexicanos têm sido tolerantes”, disse outro habitante da cidade.

“Já temos 6.000 haitianos que trabalham em Tijuana, já há hondurenhos e guatemaltecos, e isto não é uma caravana, é uma invasão”, acrescentou.

O delegado municipal da zona centro de Tijuana, Pablo Genaro López, disse que a manifestação decorreu de forma ordeira. “Não está tanta gente como esperávamos, preocupava-nos uma segunda manifestação e a possibilidade de confrontos”, assinalou, numa alusão à marcha a favor dos migrantes que acabou por ser desconvocada.

Pelo menos 3.000 migrantes, dos 5.000 que saíram em caravana há um mês das Honduras, já se encontram em Tijuana onde, e na sequência de diversos momentos de tensão, a maioria aguarda num centro desportivo a ocasião para solicitar asilo.

Durante duas horas, os manifestaram gritaram palavras de ordem como “Migrantes sim, invasores, não!”, “Primeiro os nossos pobres!”, “Primeiro a nossa raça, primeiro a nossa barriga!”, e “Salvemos Tijuana de mais caravanas!”.

Para além dos membros desta primeira caravana, pelo menos dois outros grupos de migrantes centro-americanos, sobretudo hondurenhos e salvadorenhos, estão em trânsito no México em direção à fronteira com os Estados Unidos.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, também se pronunciou hoje no Twitter, para desencorajar os migrantes a tentarem entrar no país.

“Os Estados Unidos não estão preparados para esta invasão, e vamos rejeitá-la. Já estão a provocar o crime e grandes problemas no México. Vão para casa!”, escreveu Trump na rede social.