“A câmara não é para ter lucro. É para ser bem gerida. E ser gerida com muito dinheiro claramente não é boa gestão”, disse o vereador do PS João Sousa.

O socialista falava durante uma conferência de imprensa para analisar o relatório de contas do exercício de 2017 da autarquia.

João Sousa disse que as contas apresentam um grau de execução orçamental “extraordinariamente baixo” e uma liquidez “extremamente avultada”, assinalando que se se retirar o dinheiro afeto ao Fundo de Apoio Municipal, ainda ficam 30 milhões de euros em caixa.

“Como é possível uma câmara ter 30 milhões de euros de disponibilidade e as pessoas serem obrigadas a pagar taxas de imposto em valores máximos nacionais?”, questionou o vereador.

Na mesma ocasião, o líder do PS de Aveiro, Manuel Oliveira de Sousa, acusou o presidente da câmara de fazer uma gestão financeira de acordo com o calendário eleitoral, adiantando que “quer muito dinheiro para fazer números no final do mandato e ganhar eleições”.

Manuel Oliveira de Sousa acusou ainda a câmara de “andar atrás das políticas do PS” ao anunciar que pretender alienar património e renegociar o Programa de Ajustamento Municipal (PAM) para reduzir dívida e com isso baixar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

“A alienação do património era uma deriva do PS, era a coisa mais absurda que alguma vez tinha sido escutada em Aveiro e agora o presidente da câmara vai alienar património para reduzir a dívida”, disse o vereador que foi candidato à presidência da autarquia nas eleições de 2017.

O socialista defendeu ainda que a dívida “tem soluções e isso está à vista”, esclarecendo que para sair do procedimento de défice excessivo é preciso pagar 40 milhões de euros que é o valor de excesso de endividamento em relação ao limite legal.

“Há dinheiro em caixa. A renegociação [do PAM] pode começar a qualquer momento. Já ninguém acredita que uma figura nacional como temos à frente da Câmara não consiga falar com os ministros”, concluiu.

A Lusa tentou ouvir a Câmara de Aveiro, mas tal não foi possível até ao momento.