"Quero dizer que o PSD acha muito sintomático que o PS, hoje, já só queira reescrever a história. Esse é, possivelmente, o elemento simbolicamente mais relevante do seu falhanço. Um partido e um governo que só sabem dizer mal dos anteriores para poder tapar os fracos resultados que podem oferecer no presente, dá bem a entender que não tem nada de positivo para oferecer para futuro", afirmou.
Para que os argumentos não fossem confundidos com acusações de oposição, Passos Coelho utilizou como exemplo o estudo da fundação Manuel dos Santos, apresentado na semana passada, para dizer que os socialistas utilizam elementos de natureza científica para suportar as suas afirmações.
Segundo o líder do PSD, o estudo sobre a pobreza em Portugal em consequência do processo de ajustamento que teve lugar após o pedido de resgate em 2011, "desmente" o seu próprio título porque começa em 2009 [quando o país era governado pelo PS] e vai até 2014, compreendendo dois anos de políticas que são anteriores àquilo que foi a execução do programa de ajustamento económico e financeiro.
"É muito curioso porque quando olhamos para os dados que são divulgados sobre quem foi mais afetado nesse período, reparamos que as conclusões não estão de acordo com os dados revelados", sublinhou.
O líder da oposição adiantou que se recorda daquilo que se passou de 2009 a 2011 [governo socialista de José Sócrates]: "Percebemos o impacto que isso teve, não apenas na distribuição de rendimentos e da pobreza em Portugal, mas também no impacto que as políticas públicas, nomeadamente em sede fiscal, produziram junto dos diversos estratos económicos e sociais".
"Ficamos a saber, por exemplo, das conclusões que foram apresentadas como sendo conclusões que se reportam aquilo que foi o período de ajustamento, que o impacto mais significativo, mais de metade do impacto que é apresentado como sendo das politicas do programa de ajustamento, tiveram lugar entre 2009 e 2011", frisou.
Sem negar que o programa de ajustamento não trouxe consequências negativas, realçou o que considerou ser o esforço feito pelo PS “recontar a história”. "É um exercício de falsificação", diz Pedro Passos Coelho.
"A realidade é esta. Quando não cuidamos de responder a tempo aos problemas que temos, esses problemas refletem-se sempre de uma forma muito penosa sobre toda a gente e, quem tem menos, fica sempre mais sujeito às más condições do que quem tem mais", afirmou.
Disse também que não foi assim entre 2009 e 2011 período em que quem foi mais atingido, mesmo ao nível dos rendimentos, foram aqueles que tinham menos e adiantou que foi durante o governo a que presidiu que se corrigiu essa tendência.
"Nós [PSD], do nosso lado, continuamos a trabalhar para que o nosso futuro não seja um regresso ao passado", concluiu.
O ex-primeiro-ministro falava em Castelo Branco, no encerramento da conferência "Territórios de Baixa Densidade - Valorização e Coesão", promovida pelo PSD, antecipando a discussão em plenário de um diploma que defende a criação de condições mais favoráveis a nível fiscal para estas zonas.
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