Estas palavras de Carlos César foram proferidas no final da reunião semanal da bancada socialista, depois de confrontado com a decisão do PSD de solicitar ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que agende a eleição do presidente do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). O PSD adiantou, também, que levará a votos o nome já recusado pelo PS: A vice-presidente social-democrata Teresa Morais.

Perante esta insistência do presidente da bancada social-democrata, Luís Montenegro, no nome de Teresa Morais, o líder parlamentar socialista observou em primeiro lugar que o PSD é livre de tomar essa iniciativa.

Mas, a seguir, numa alusão ao facto de a eleição de Teresa Morais necessitar de uma maioria de dois terços para se concretizar, deixou uma advertência: "Parece-me aceitável que o PSD pondere que não pode ter tudo para si e que não pode ser sempre a sua opinião que vigora".

"Esse exercício de humildade - a que o PSD desde as últimas eleições legislativas tem tido dificuldade em aderir - é algo que o chama no sentido de proteger as pessoas que propõe", disse, numa referência às consequências para a imagem pública individual resultante de um chumbo numa eleição uninominal no parlamento.

Carlos César deu depois como exemplo a evitar caso de o nome do antigo ministro socialista Correia de Campos ter sido chumbado em maio passado numa primeira eleição para a presidência do Conselho Económico e Social (CES) - eleição que apenas se concretizou à segunda tentativa em setembro.

"Foi justamente essa reserva que transmiti ao líder parlamentar do PSD. Se o PSD quer fazer neste caso (como fez com o Dr. Correia de Campos) uma permanente jogatana política e se não quer encarar com seriedade aquilo que é uma cumplicidade mínima no sentido do respeito pela Assembleia da República e de respeito pela opinião de todos os partidos, então caminha nesse sentido", avisou ainda Carlos César, aqui numa alusão ao facto de o novo presidente da fiscalização das "secretas" necessitar de uma maioria de dois terços.

Depois de apontar que PSD e PS, no âmbito de mais de uma dezena de processos para a escolha de representantes externos ao parlamento, só estarem em desacordo nas questões do CFSIRP e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Carlos César voltou a sugerir para a fiscalização das "secretas" alguém com o perfil do atual presidente, Paulo Mota Pinto, que foi vice-presidente do PSD sob a liderança de Manuela Ferreira Leite.

"Comuniquei ao líder parlamentar do PSD [Luís Montenegro] que estávamos disponíveis para apoiar a recandidatura do professor Paulo Mota Pinto ao cargo de presidente do CFSIRP, mas o PSD entendeu que não era essa a sua candidatura. Porém, o PSD podia ter apresentado um nome que não se desviasse muito do perfil do atual presidente", alegou o líder da bancada social-democrata.

Para Carlos César, a proposta que o PSD fez [de Teresa Morais] não se ajusta exatamente a essa ideia, mas aguarda-se que o PSD o possa fazer em outra ocasião".

Em relação aos motivos em concreto que levam o PS a recusar o nome da vice-presidente do PSD Teresa Morais, o presidente da bancada socialista justificou: "Tem de haver um distanciamento em relação às direções partidárias em cargos desta natureza que importa cultivar e era isso o que acontecia com Paulo Mota Pinto, que, não obstante ser do PSD, mantinha essa independência".

"A candidatura de Teresa Morais foi muito associada ao controlo pelo aparelho partidário de uma instituição que deve estar longe desse tipo de perfil", completou.

Interrogado sobre a escolha do novo provedor de Justiça, cargo que em breve será eleito no parlamento e o qual também requer uma maioria de dois terços, o presidente do PS disse que as negociações com o PSD ainda não se iniciaram.

"Mas também comuniquei em devido tempo ao líder parlamentar social-democrata que o PSD propusesse o nome", frisou Carlos César.

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