Em declarações aos jornalistas no parlamento, o vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite lamentou que “a três dias da véspera de Natal” o Governo ainda não tenha anunciado o plano de adaptação das urgências dos hospitais para o período de inverno, uma apresentação prevista para quinta-feira.
“O PSD queria deixar um apelo ao ministro e ao diretor executivo do SNS para que apresentem este plano com clareza para que as administrações hospitalares e de centros de saúde se possam organizar e os doentes saibam como fazer em caso de doença”, apontou, dizendo que “não basta um plano no papel”, mas são necessários meios para o executar.
Baptista Leite salientou que, na discussão do Orçamento do Estado para 2023, o PSD já tinha alertado que os meios humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não eram suficientes e, por isso, apelou ao Governo para que elaborasse um plano integrado para as urgências que também contemplasse o setor social e privado.
“O senhor ministro disse que tinha todos os meios necessários e o diretor executivo aceitou gerir o SNS com os meios que conhecia ter (…) E agora, em cima do Natal, dizem que afinal têm de fechar alternadamente serviços de urgência. Isto revela falta de planeamento, má gestão e uma enorme irresponsabilidade”, acusou.
Para o deputado do PSD e médico, a alternativa teria sido fazer um plano assente numa resposta de proximidade – “as urgências devem ser uma resposta de última linha” – para que os doentes tivessem “nas suas localidades as respostas de que precisam”.
“Aguardaremos com serenidade [pelo plano], mas apelamos a que o Governo tenha consciência de que está a falar para doentes e coloquem os cidadãos no centro do problema e garantam resposta de proximidade com todos os meios no terreno como o PSD sempre se propôs”, defendeu.
Hoje, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse não querer adiantar mais pormenores sobre o plano, remetendo para quinta-feira uma explicação mais aprofundada a ser dada pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, mas assegurou que o objetivo é, em alguns casos, agregar serviços de forma a garantir que as pessoas saibam onde procurar cuidados.
Baptista Leite assinalou hoje que o país tem assistido a “enormes constrangimentos nas urgências dos hospitais, longas horas de espera para os doentes e muitas pessoas sem resposta dos centros de saúde”.
Por outro lado, o deputado do PSD lamentou que tenham vindo a público “informações dispersas, não confirmadas” de um grupo de trabalho de que o Governo estaria a ponderar encerrar maternidades e gerir os serviços de urgência de forma diferente, “mas sem qualquer clareza”.
Questionado sobre o já anunciado funcionamento alternado das urgências das maternidades do Barreiro e Setúbal durante o período de Natal e Ano Novo, o vice-presidente da bancada do PSD disse ver “sempre com preocupação uma maior distância dos doentes no acesso aos serviços de urgência”.
“Estamos a viver um período que exige outro tipo de resposta. O PSD propôs há meses que o Governo planeasse este período recorrendo a todo o sistema de saúde, o Governo foi empurrando com a barriga e estamos a chegar ao inverno sem um plano. Vai ser apresentado em cima do Natal o que devia estar organizado desde o outono”, criticou.
Na sexta-feira passada, o ministro da Saúde voltou a admitir que “nem tudo está a funcionar como devia” nas urgências do Serviço Nacional e Saúde (SNS) e avançou que apresentaria esta semana um “plano de previsibilidade” com “respostas alternativas”.
“Admito que nem tudo possa estar a funcionar como deve em todos os sítios. O que vamos anunciar na próxima semana é quais são os casos onde isso possa não acontecer, de forma a dar previsibilidade às pessoas”, disse Manuel Pizarro.
Em Matosinhos, no distrito do Porto, e questionado sobre quais as especialidades mais afetadas, o governante disse: “Em alguns casos na obstetrícia, noutros a pediatria, e outras”.
“Veremos. Vamos anunciar isso [respostas alternativas] com um plano de previsibilidade. É muito importante para as pessoas, que ficam a saber com o que podem contar, e muito importante para os nossos serviços porque vamos preparar as respostas alternativas. Nenhuma portuguesa e nenhum português deixará de ter uma resposta do SNS”, acrescentou então.
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