De acordo com o ‘site’ do PSD, e quando falta apenas apurar uma secção (no círculo da Europa), o antigo líder parlamentar conseguiu cerca de 72,5% dos votos e o adversário Jorge Moreira da Silva 27,5%, numa eleição em que a abstenção rondou os 40%, muito acima das duas anteriores diretas, mas em que obteve mais votos, em termos absolutos, do que Rui Rio em 2020 (contra si) e em 2021, contra Paulo Rangel.
Durante a campanha interna, o antigo líder parlamentar repetiu, por várias vezes, que teria capacidade de unir o partido se vencesse e revelou até, em entrevista à Antena 1, ter um compromisso com o seu adversário interno de que o clima de campanha terminaria com a eleição.
Uma das primeiras tarefas de Luís Montenegro, assumida pelo próprio, será conversar com o atual líder parlamentar social-democrata e dirigente desde o início da liderança de Rui Rio, Paulo Mota Pinto, eleito em 7 de abril com mais de 90% dos votos, e que também nunca esclareceu se colocaria o lugar à disposição do novo presidente.
No sábado, Montenegro não deu uma resposta fechada sobre este tema, mas disse já ter falado com Mota Pinto depois da vitória nas diretas e revelou que terão em breve uma reunião de trabalho para ‘afinar’ a melhor forma de articular o trabalho entre a direção do partido e a da bancada.
Já nas próximas semanas, a bancada do PSD terá de tomar posição sobre temas polémicos, como a criação de uma comissão de inquérito proposta pelo Chega sobre o acolhimento de cidadãos ucranianos – uma ideia que até foi defendida em primeiro lugar na campanha interna por Luís Montenegro – ou diplomas que propõem a despenalização da morte assistida.
O novo presidente do PSD já assumiu que é pessoalmente contra a despenalização da eutanásia, preferindo que os portugueses se pronunciassem sobre a matéria em referendo, mas já disse concordar que deverá manter-se a liberdade de voto na bancada, à semelhança do que defendeu Paulo Mota Pinto.
Não sendo deputado, a forma de fazer oposição perante um PS com maioria absoluta e dois partidos à sua direita que cresceram, Chega e IL, será outro dos desafios do novo líder do PSD.
Montenegro já assumiu que terá um gabinete na Assembleia da República, onde promete estar muito presente, mas considerou que não ser deputado lhe permitirá estar “mais livre” para andar pelo país.
A nova liderança terá ainda de decidir o que fazer com os projetos de revisão da lei eleitoral e de revisão da Constituição deixados prontos pela direção de Rui Rio, e que só não foram entregues na Assembleia da República devido à oposição de Luís Montenegro quanto ao ‘timing’, a poucas semanas das eleições diretas.
Sobre a transição da atual liderança de Rui Rio para a sua até ao Congresso – que se realiza apenas no primeiro fim de semana de julho -, Montenegro assegurou no sábado que será feita de forma discreta e “à moda dos homens bons, conversando uns com os outros”.
Até ao Congresso, o novo líder terá cinco semanas para preparar a equipa dirigente e concretizar os sinais de unidade que disse querer protagonizar, integrando pessoas que não estiveram ao seu lado nesta disputa interna.
O candidato derrotado, Jorge Moreira da Silva, já se excluiu de quaisquer funções executivas, mas deixou para a reunião magna a definição do que poderá ser o seu papel futuro no partido, sem responder ainda se pretende apresentar uma lista ao Conselho Nacional.
No Congresso marcado para o Coliseu do Porto, Luís Montenegro também já prometeu apresentar a comissão que preparará as autárquicas de 2025 e, para este verão, o novo líder assumiu durante a campanha o compromisso de fazer regressar a tradicional festa algarvia do PSD no Pontal, em meados de agosto.
Na moção de estratégia, Montenegro comprometeu-se ainda a lançar o movimento Acreditar, uma espécie de “estados gerais” para elaborar durante os próximos dois anos o programa eleitoral para as legislativas de 2026.
A realização de um congresso de revisão estatutária, provavelmente no próximo ano, foi outro dos compromissos de Montenegro, que já admitiu ponderar abrir o universo eleitoral a todos os militantes do PSD (sem depender do pagamento de quotas) e até o modelo de eleição do líder, sugerindo que os Congressos poderiam passar a realizar-se no mesmo fim de semana das diretas.
As eleições diretas no PSD realizam-se ordinariamente de dois em dois anos, pelo que as próximas poderão acontecer pouco depois das europeias de 2024, um ato eleitoral para o qual Luís Montenegro já estabeleceu como objetivo do PSD “ser o partido mais votado” e “fazer crescer” a representação no Parlamento Europeu, que é atualmente de seis deputados.
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