O deputado do PSD Bruno Vitorino questionou Azeredo Lopes sobre se existe "algum pacto secreto entre o PS, o BE e o PCP relativamente à NATO e a matérias da Defesa Nacional que estejam a condicionar" a ação governativa.

"É um erro retirar as forças portuguesas do Kosovo", que continua "a ser um foco de terrorismo", disse, referindo-se à retração dos militares portugueses da missão da NATO naquele território, K-FOR, ao fim de 18 anos, prevista para o segundo semestre de 2017.

A posição manifestada pelo deputado Bruno Vitorino foi reforçada pelo seu colega de bancada Costa Neves, que afirmou esperar do Governo "consistência na defesa dos compromissos" assumidos com a Aliança Atlântica.

Na resposta, o ministro da Defesa acusou o deputado de ter "resvalado para a novela mexicana" e contrapôs que o anterior ministro da Defesa, Aguiar-Branco, e o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, já tinham defendido a "falta de oportunidade" da continuação da missão portuguesa no Kosovo.

Azeredo Lopes frisou que os relatórios que o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, tem enviado às Nações Unidas sobre a situação no Kosovo referem que "não se verificam nem se deteta nenhuma ameaça relevante que deva ser assinalada".

Sobre o empenho do Governo relativamente à NATO, o ministro reiterou que a retirada do Kosovo - que já teve parecer favorável do Conselho Superior de Defesa Nacional - implica que seja encontrada uma "solução supletiva que compense", numa outra missão da Aliança Atlântica.

Sobre esta questão, o deputado do CDS-PP João Rebelo registou como "positiva a resposta" do ministro sobre a posição de Portugal na NATO e "claramente em divergência das posições do PCP e do BE".

Pelo PS, o deputado Ascenso Simões lamentou as intervenções do PSD sobre esta matéria, afirmando que denotam que a bancada social-democrata nada tem a dizer sobre o orçamento da Defesa.

Na reunião conjunta das comissões de Orçamento e Finanças e de Defesa Nacional, no âmbito do debate na especialidade do OE2017, Azeredo Lopes considerou que a despesa prevista, de 2.149,8 milhões de euros, "respeita as necessidades" da Defesa e das Forças Armadas.

João Rebelo considerou que a verba é "suficiente" para as necessidades mas "insuficiente para uma ambição maior para as Forças Armadas", apontando, como exemplo, as dificuldades no recrutamento militar.

Questionado pelos deputados do PCP Jorge Machado e do BE João Vasconcelos sobre as reivindicações dos profissionais da Polícia Marítima, que estiveram quinta-feira em vigília frente à Presidência da República, Azeredo Lopes passou a palavra ao secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello, que admitiu que aquela força policial "necessitaria de mais gente" para o cumprimento da missão e competências.

Por isso, acrescentou, foi aberto um concurso para a formação de mais agentes (20) visando "iniciar o processo de recomposição do pessoal".

Quanto a uma das principais reivindicações daquela força, que reclama sair da tutela militar da Marinha, nem o secretário de Estado nem o ministro quiseram responder.