"O PSD nos últimos dois anos tem andado permanentemente à espera do PS. Creio que está na altura de dizer que o PSD tem vida própria. Comigo não há nenhum acordo com PS. Não estou minimamente disponível para negociar orçamentos com o PS. O PS fez uma escolha, tem os seus parceiros, fez o seu casamento com a esquerda parlamentar, seja esse casamento por escrito ou uma união de facto como parece que vai ser", disse Luís Montenegro.

À entrada para um jantar que decorre em Espinho, no distrito de Aveiro, para assinalar o 10.º aniversário do executivo municipal local, Luís Montenegro, que na quarta-feira, em entrevista à SIC, anunciou que será candidato à liderança do PSD, frisou que o atual líder, Rui Rio, "tem uma visão diferente" para o futuro de Portugal, porque "mantém abertura para atendimentos com o PS", algo que recusa.

"O PSD joga para ganhar quando vai a eleições. O PS não é o nosso parceiro de governação porque não quer. O PS não quer reformar o país", adiantou.

Questionado sobre se já recolheu apoio de sociais-democratas ou de estruturas do PSD, Luís Montenegro disse apenas que "várias pessoas manifestaram disponibilidade" para estar ao seu lado, mas, frisou, "a campanha ainda não começou".

Quando confrontado com as palavras recentes do presidente da Câmara de Ovar e vice-presidente do PSD, Salvador Malheiro, que considerou que a campanha para as legislativas, nas quais o PSD obteve 27,9% dos votos contra 36,6% do PS, sofreu uma "constante agitação", Luís Montenegro falou em "desculpas esfarrapadas".

"O PSD desde Francisco Sá Carneiro foi sempre um partido plural onde cada um pode exprimir os seus pontos de vista. Isso não foi diferente com o dr. Rui Rio nem o dr. Rui Rio foi diferente deste comportamento quando não era líder do PSD. Talvez a única distinção é que nunca ninguém esteve como eu estive quase 10 meses sem rigorosamente abrir a boca apenas e só para reforçar a minha humilde participação nas campanhas eleitorais europeias e agora nas legislativas", disse Luís Montenegro.

Para o antigo líder parlamentar do PSD, “não vale a pena estar a pessoalizar o debate”, pois “todos os momentos de maior tensão tiveram na base uma provocação que vinha do próprio líder do partido".

No jantar com cerca de 600 pessoas, segundo a organização, onde estão o líder da distrital de Viana do Castelo, Carlos Morais Vieira, o antigo deputado Luís Campos Ferreira, bem como os deputados Carlos Abreu Amorim, Miguel Santos e Hugo Soares, Luís Montenegro sublinhou o seu desejo por "uma campanha esclarecedora" para as eleições internas do PSD, de forma a que, "apurados os resultados, o líder eleito possa ter a capacidade agregadora que Rui Rio não teve".

Com eleições diretas previstas para janeiro, se o calendário não for alterado, Luís Montenegro é o primeiro candidato assumido à liderança do PSD, já que Rui Rio afirmou na noite eleitoral das legislativas que iria "ponderar" com serenidade a sua continuidade.