Questionado pela Lusa no final de um encontro com a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) sobre os anúncios feitos na quarta-feira pelo executivo de reforço de verbas e profissionais na área da saúde, o antigo líder parlamentar do PSD manifestou dúvidas quantos aos benefícios concretos para os cidadãos.
“O Governo falou num programa de 800 milhões de euros, ora 550 milhões são já para pagar dívida, já à partida há um logro neste número (…) Os efeitos de um anúncio com tanta pompa e circunstância vão ser relativamente reduzidos na prestação de cuidados de saúde às pessoas, mas cá estaremos para fazer esse escrutínio”, afirmou.
Luís Montenegro apontou como exemplo de que “os anúncios esbarram com a realidade” o relatório hoje divulgado pelo Observatório Português dos Cuidados Paliativos (OPCP), segundo o qual faltam cerca de 430 médicos, 2.141 enfermeiros, 178 psicólogos e 173 assistentes sociais na Rede Nacional de Cuidados Paliativos.
“Não vejo que haja uma vontade de inverter um ciclo de deterioração do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também não vejo que o Estado tenha abertura, com este Governo socialista, bloquista e comunista, para ir ao setor privado e social buscar as respostas necessárias aos cidadãos”, lamentou.
Questionado sobre a proposta apresentada na quarta-feira pelo Governo aos sindicatos da administração pública de aumentos salariais de 0,3% para todos os funcionários públicos em 2020, o candidato à liderança do PSD considerou-a “mais uma consequência de uma política que não tem estratégia”.
“Nós avisámos há muito tempo que Portugal precisava de ter uma atualização salarial gradualista e que fosse em crescendo. Como o PS quis dar tudo de uma vez, agora tem pouco ou nada para dar, que é o que está em cima da mesa”, criticou, defendendo a necessidade de o Estado “pagar melhor aos seus funcionários”, mas também de “ter serviços mais eficientes”.
“Este Governo e este primeiro-ministro são uns empatas, Portugal não sai do sítio, não sai da cepa torta e por isso é que temos 21 países a crescer mais do que nós na União Europeia”, acusou.
O encontro com a CCP teve como objetivo dar sequência às reuniões do candidato com os parceiros sociais, com Montenegro a resumir as preocupações que tem encontrado.
“No país o rei vai nu, estamos a crescer pouco, estamos a ter um investimento público historicamente muitíssimo baixo, não estamos a ter o investimento privado nem o crescimento das exportações de que precisamos”, criticou.
Além de Luís Montenegro, são candidatos à liderança do PSD o atual presidente Rui Rio e o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.
As eleições diretas para escolher o próximo presidente social-democrata realizam-se em 11 de janeiro, com uma eventual segunda volta uma semana depois, e o Congresso entre 07 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo.
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