Em entrevista ao programa “Grande Entrevista” da RTP3, Morais Sarmento foi confrontado com o anúncio, horas antes, de que o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro será candidato à liderança do PSD nas próximas diretas, previstas para janeiro.
“Foi um bom líder parlamentar, nada contra isso. Não gosto de julgar negativamente, mas reconheço outra bagagem, outra competência técnica, outra experiência, até outra capacidade de merecer a confiança dos portugueses a Rui Rio do que a Luís Montenegro”, afirmou.
O vice-presidente do PSD disse ainda desconhecer qual a estratégia proposta por Montenegro para o partido, a não ser na alteração de posicionamento do PSD, da qual discordou frontalmente.
Para Morais Sarmento, foi a estratégia de “recentramento do PSD como partido social-democrata e não de pretenso liberal” da atual direção que permitiu ao partido evitar “o risco” que considera que correu, apontando os resultados das autárquicas de 2017 em concelhos como Lisboa e Porto, pouco acima dos 10%.
“Antes destas eleições legislativas, o PSD estava em risco, esse risco foi ultrapassado nestas eleições”, defendeu, apontando que 1,4 milhões de portugueses “confiaram” no PSD.
“A estratégia alternativa era malhar na esquerda como vimos ser feito mais no CDS com resultados significativamente mais negativos?”, questionou.
Desafiado a classificar numa palavra o resultado do PSD nas legislativas – 27,9% contra 36,6% do PS -, Morais Sarmento respondeu “curto”, mas considerou que nem esta votação nem a das europeias são impeditivas de Rui Rio se recandidatar.
“É uma decisão pessoal, exclusivamente dele”, afirmou, mas garantindo que o atual líder - que “terá seguramente cometido erros” - continuará a contar com o seu apoio se decidir concorrer novamente à liderança do PSD.
“Não vejo ninguém que tenha um perfil mais diferenciado do perfil negociador, semirredondo, politicamente redondo de António Costa”, afirmou, na entrevista conduzida por Vítor Gonçalves.
Sobre o ‘timing’ em que Rui Rio anunciará a sua decisão, o ‘vice’ do PSD defendeu que seria “irresponsável para um partido líder da oposição que existissem decisões ou demissões antes de haver governo”, acrescentando que o PSD “não é o CDS”.
“Rui Rio tomará a sua decisão consoante a utilidade que vir para o país na sua permanência ou na sua saída”, assegurou.
Sobre a posição transmitida à Lusa pelo ex-Presidente da República Cavaco Silva, de tristeza com os resultados do partido, Morais Sarmento recusou fazer interpretações, mas disse concordar que o PSD precisa de unidade.
“Se no PSD continuarmos a achar graça a pormos a personalidade acima das ideias, dos princípios e do próprio partido vamos pelo mau caminho”, apontou, dizendo que o PSD só encontrará caminho se deixar de “parecer uma gaiola das malucas”.
Quanto ao futuro Governo, Morais Sarmento considerou que “para o país a melhor solução é o PS sozinho”: “Qualquer outra combinação sai mais cara”, avisou.
Comentários