Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, na véspera do Conselho Nacional extraordinário que votará a moção de confiança, ambos os deputados confirmaram que irão faltar aos trabalhos parlamentares para estarem presentes na reunião, marcada para o Porto, às 17:00.

Questionado sobre o requerimento apresentado pelo presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, para que o Conselho Nacional ouça o antigo líder parlamentar Luís Montenegro – que desafiou Rio a convocar diretas, assumindo-se como candidato -, Miguel Morgado disse que nada teria a opor.

“Ele não é um militante normal, faz todo o sentido que tenha uma palavra a dizer, não tenho nada a obstar”, afirmou Miguel Morgado, que também já disse que ponderaria uma candidatura se fossem convocadas diretas.

Sobre a mesma matéria, Pedro Pinto fez questão de separar o debate da moção de confiança da disponibilidade de candidatura de Montenegro.

“A posição do dr. Montenegro é posição de um candidato, não quer dizer que não haja outros no futuro, a minha decisão é independente da posição dos candidatos”, defendeu.

Pedro Pinto e Miguel Morgado prometem intervir na quinta-feira e têm posições quanto à forma como deve ser votada a moção de confiança, assunto que tem gerado polémica nos últimos dias.

Questionado se a votação nominal pode ter influência nos resultados, Pedro Pinto escusou-se a antecipar qualquer resposta, dizendo que “até sobre isso pode haver uma surpresa” na reunião do Porto.

“Sei quem ganha se for voto secreto: a democracia, a transparência e o PSD. Se for de braço no ar, perde a transparência, a democracia e o PSD”, defendeu o líder da distrital de Lisboa.

Na mesma linha, Miguel Morgado disse “ser inacreditável em 2019 ser necessário recordar porque é que o voto secreto foi introduzido nas democracias modernas”.

O regulamento do Conselho Nacional estabelece que as votações neste órgão se realizam por braço no ar, com exceção de eleições, deliberações sobre a situação de qualquer membro do Conselho Nacional e “deliberações em que tal seja solicitado, a requerimento de pelo menos um décimo dos membros do Conselho Nacional presentes”.

Na terça-feira, o antigo presidente do parlamento Mota Amaral anunciou que iria avançar com um pedido de votação nominal no Conselho Nacional extraordinário, justificando que lhe “repugna que possa haver quem no PSD tenha medo de assumir as suas posições”.

Questionado sobre esta iniciativa, o presidente do Conselho Nacional do PSD, Paulo Mota Pinto, reiterou à Lusa o que já tinha dito na segunda-feira.

“Não me pronuncio sobre nenhuma questão relativa à condução dos trabalhos e à votação, por respeito ao Conselho Nacional, a não ser perante o Conselho Nacional já reunido”, afirmou.