“Hoje estamos mais certos do que ontem do nosso desejo histórico” de ser um Estado independente”, disse Puigdemont numa mensagem transmitida pela televisão, em que criticou o rei espanhol, Felipe VI, por ter ignorado "deliberadamente" milhões de catalães “que não pensam" como o monarca
"Assim, não", disse o chefe do Governo da Catalunha dirigindo-se ao monarca. "Ao tomar o partido que tomou, desiludiu muita gente na Catalunha que o aprecia e que o ajudou em momentos difíceis da instituição", acrescentou.
Puigdemont garantiu ainda que fará "cumprir o compromisso" que assumiu no início do mandato, um compromisso "de manter sempre aberta uma porta para o diálogo e ao respeito pelo outro". O chefe do Governo da Catalunha garantiu também que o seu “governo não se desviará do compromisso de paz e serenidade, mas também de firmeza”.
“Este momento pede mediação”. O chefe do executivo catalão, que também usou o castelhano no discurso institucional pré-gravado, insistiu na proposta de mediação, dois dias depois de ter feito um apelo à União Europeia no mesmo sentido.
Puigdemont acusa o executivo de Madrid de ser “irresponsável” por não aceitar uma mediação, afirmando que têm chegado propostas nesse sentido de "dentro e de fora da Catalunha".
Carles Puigdemont não revelou no disco quando irá declarar a independência, no entanto numa entrevista recente à BBC afirmou que será "numa questão de dias".
Rajoy recusa negociar qualquer mediação com o governo da Catalunha
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, (PP, direita conservadora) rejeitou hoje uma proposta do líder do Podemos, Pablo Iglesias, para iniciar uma mediação com os independentistas da Catalunha, na sequência do referendo de domingo.
De acordo com fontes da presidência do governo espanhol citadas pelo El País, Rajoy conversou por telefone com Iglesias e agradeceu-lhe a iniciativa. No entanto, explicou ao líder do Podemos que a sua postura neste momento é a de que o presidente do Governo regional catalão, Carles Puigdemont, tem de renunciar uma eventual declaração de independência, condição que é “inegociável”.
Por outro lado, o chefe do executivo salientou a Iglesias que o Governo espanhol não está disposto a lidar com aqueles que iniciaram uma "chantagem brutal" ao Estado, indicaram as mesmas fontes do palácio de La Moncloa (sede do Governo espanhol).
A ideia de abrir um processo de mediação para resolver a crise independentista saiu da primeira reunião do Podemos com os partidos independentistas catalães, uma iniciativa denominada "mesa de diálogo".
O Podemos exorta o Governo e o Governo da Generalitat (governo regional da Catalunha) a dialogarem o quanto antes para escolher e acordar uma ou várias personalidades que possam exercer o papel de mediadores no conflito institucional. O partido de Iglesias considera que estas personalidades podem ser espanholas ou estrangeiras, como pede a Generalitat.
O presidente catalão, Carles Puigdemont, tem falado várias vezes em mediação internacional por parte da União Europeia.
Na “mesa de diálogo” do Podemos participaram a Esquerra Republicana Catalana (ERC) e o Partido Democrata Europeu da Catalunha, o Partido Nacionalista Basco (PNV), o Compromís e as confluências catalã e galega do Podemos (Catalunya en Comú e a En Marea).
No domingo realizou-se na Catalunha um referendo pela independência – considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol – que ficou marcado por cargas policiais para o impedir, pela vitória do “sim”, com 90% dos votos expressos, e por dificuldades diversas no processo de votação.
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