"Quando pedimos a separação do corpo da guarda prisional da reinserção social é por uma coisa muito simples: a reinserção social é reinserir os reclusos na sociedade, prepará-los para voltarem à sociedade. O corpo da guarda prisional garante a segurança" - afirma ao SAPO 24 Frederico Morais

O presidente do SNCGP adianta que "o punitivo e o reinsercivo não funcionam em conjunto". Como os diretores estão da parte da reinserção social, há muitas questões de segurança que nós entendemos que não se deviam fazer, porque está posta em causa a segurança."

O sindicalista acrescenta que, "a rede social está ligada"  à rede prisional e por isso, os Guardas Prisionais têm de realizar os dois trabalhos, "pondo em causa a vida das pessoas e a segurança do próprio serviço."

Cláudia Gomes, uma dos mais de 250 profissionais em frente à prisão de Alcoentre, sublinhou ao SAPO24 que "a principal mensagem é a de união. Estamos unidos mais do que nunca e queremos mostrar ao Ministério da Justiça".

"Foi uma manifestação de solidariedade, porque o que aconteceu aqui poderia ter acontecido numa qualquer cadeia do país", acrescenta a Guarda Prisional.

Os profissionais das cadeias pediram à ministra da Justiça que os ouça e separe a segurança e a reinserção social para que o sistema prisional português possa funcionar.

“Esperemos que a senhora ministra da Justiça perceba de uma vez por todas que para o sistema prisional funcionar tem que haver a separação da reinserção social e da segurança”, afirmou o sindicalista, Frederico Morais, no final de uma manifestação de solidariedade em frente ao Estabelecimento Prisional de Cale de Judeus, em Alcoentre.

Além da solidariedade demonstrada para com os guardas do estabelecimento de onde há um mês se evadiram cinco reclusos, o encontro ficou marcado pelo apelo dos profissionais a que a titular da pasta tome medidas no sentido de “voltar ao antigamente, antes de 2012”, quando estes dois sistemas eram separados.

Se assim não for, “daqui a um ano voltamos a estar a falar do mesmo, e podemos estar a falar de fugas como de mortes de reclusos ou mortes de guardas”, disse Frederico Morais à agência Lusa, vincando ser isso que os guardas prisionais “querem evitar”.

Na concentração, que segundo o presidente do sindicato contou com mais de 250 guardas prisionais de todo o país, o dirigente sindical do Corpo da Guarda Prisional, Sérgio Brilhante, lembrou que “não foi por alta de aviso” que a fuga de cinco reclusos aconteceu.

Segundo o também guarda nesta prisão de alta segurança em 2021 o guardas fizeram “uma greve geral precisamente para exigir segurança em Vale de Judeus, que não existia”.

O guarda, que se encontrava de serviço no dia em que aconteceu a fuga, afirmou que “não se pode reagir de ânimo leve a uma situação destas, exigindo que “a curto prazo se construam torres de vigilância e reforcem o efetivo de guardas” neste estabelecimento.

A concentração de apoio aos guardas do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus contou com a presença de profissionais do Porto, Bragança, Paços de Ferreira, Izeda, Pinheiro da Cruz, Coimbra, Lamego, e Lisboa, entre outros, confirmou Frederico Morais.

“Cerca de 65% do efetivo da guarda Prisional está se serviço todos os dias, 10 a 15% vai entrar de serviço às 16:00, o que impossibilita o pessoal de longe vir aqui”, disse, considerando “muito boa” a adesão de mais de 250 guardas ao protesto.

Os guardas estiveram concentrados entre as 11h00 e as 14h00, numa manifestação pacífica, que teve como ponto alto a saída dos guardas prisionais de Vale de Judeus, para a pausa de almoço, parando para cumprimentar os manifestantes.

*Com Lusa.