“É uma provocação. Isso é evidente (…) Foi algo comum e foi feito não só pelos britânicos, mas também pelos americanos”, disse o dirigente russo, durante a sua tradicional conversa anual televisionada com os cidadãos, referindo-se ao incidente com o contratorpedeiro britânico HMS Defender, em águas próximas da Crimeia anexada.

O Kremlin tinha anunciado, na passada semana, que um dos seus navios de guerra disparara tiros de advertência e que um avião de guerra lançara bombas contra o contratorpedeiro Defender, para forçá-lo a sair de uma área perto da Península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.

O Reino Unido negou esse relato, insistindo que o seu navio não foi atingido e que estava navegando em águas ucranianas.

Hoje, Putin insistiu na versão de ter havido um ato provocatório contra as Forças Armadas russas, com a cumplicidade dos Estados Unidos.

“Nós vimos e observamos bem”, disse o Presidente russo, acrescentando que o contratorpedeiro britânico se aproximou da Crimeia com “fins militares” e com o objetivo de suscitar a reação das forças armadas russas em face de sua “provocação”.

Questionado sobre se o incidente poderia ter desencadeado a Terceira Guerra Mundial, Putin disse que dificilmente tal seria possível, mesmo se a Rússia tivesse afundado o navio de guerra britânico, porque as potências ocidentais sabiam que não poderiam emergir como vencedores num conflito global.

Durante a sua conversa televisiva, respondendo a uma pergunta sobre o conflito com a Ucrânia, Putin enfatizou sua reivindicação de parentesco próximo entre os povos russo e ucraniano, mas acusou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de manter uma atitude hostil em relação a Moscovo.

“Qual é a vantagem de me encontrar com Zelensky, se ele entregou o seu país ao controlo total do estrangeiro?”, interrogou Putin.

“As questões-chave, vitais para a Ucrânia, não são resolvidas em Kiev, mas em Washington. E, até certo ponto, em Paris e Berlim”, acrescentou o líder russo.

No entanto, Putin disse que não se recusou a reunir com Zelensky, mas que era preciso esclarecer sobre o que iriam os dois conversar.

No final de abril, Zelensky propôs a Vladimir Putin um encontro na zona de conflito que divide os dois países desde a anexação da Crimeia, em 2014, no momento em que aumenta a tensão nas zonas de fronteira, com ataques repetidos entre as milícias pró-russas e o exército ucraniano.

Na altura, Putin respondeu que concordou em se encontrar com o seu homólogo em Moscovo “a qualquer momento”, mas que uma cimeira na zona de conflito deveria ser realizada com representantes dos separatistas, o que Kiev recusa.