“No território da atual Ucrânia começaram a criar um enclave antirrusso que ameaça o nosso país”, disse o chefe do Kremlin numa reunião com estudantes em Kaliningrado, um enclave na costa do mar Báltico, situado entre a Lituânia e a Polónia, que pertence à Rússia apesar de não compartilhar fronteira terrestre.

É por isso, que “os nossos soldados lutam lá, muitos morrem, defendem os habitantes de Donbass e da própria Rússia, e isso merece, sem dúvida, o apoio de toda a sociedade”, declarou Putin por ocasião do início das aulas, transmitidas em direto pela televisão estatal russa.

“Esta não é uma questão infantil, mas é bastante compreensível. Na verdade, iniciaram uma guerra contra nós que durou oito anos. A nossa tarefa, a missão dos nossos soldados, é acabar com esta guerra, defender o povo”, sustentou.

O Presidente rejeitou as acusações do Ocidente de que a Rússia está a levar a cabo uma agressão contra a Ucrânia.

“Todos consideram que há agressão da Rússia, mas ninguém sabe ou compreende que após o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia os habitantes de Donetsk e Lugansk, na sua maioria, e os da Crimeia não quiseram reconhecer os resultados do golpe de Estado”, apontou o líder russo.

Putin referia-se à revolta popular em Kiev que terminou com a fuga do país do então Presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, atualmente refugiado na Rússia.

Mais uma vez, o Presidente russo insistiu que a Ucrânia nunca existiu como um Estado antes da ascensão da União Soviética e que o regime comunista criou a República Soviética ucraniana, à qual entregou vastos territórios ancestrais russos.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.

A ONU apresentou como confirmados 5.663 civis mortos e 8.055 feridos na guerra, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.