"Sob ordem do presidente russo e com o objetivo de evitar perdas entre os civis de Ghouta Oriental, um cessar fogo será instaurado a partir de 27 fevereiro, das 9:00 às 14:00 (hora local)", indicou o ministro russo da Defesa, Serguei Choigou, citado pelas agências russas. A Rússia procura com uma trégua diária evitar a perda de civis.

Para além disso, citam as agências, a Rússia quer também abrir um "corredor humanitário" que permita a saída de civis da região. "As coordenadas estão prontas e serão divulgadas em breve", precisou o ministro russo, citado pela AFP.

Esta medida é anunciada depois de os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU aprovarem por unanimidade uma resolução que exige, "sem demora", um cessar-fogo humanitário de um mês na Síria. O texto precisou de mais de quinze dias de negociações para obter a aprovação da Rússia, aliada do regime de Bashar Al-Assad.

A Rússia disse hoje que o cessar-fogo na Síria só vai acontecer quando todos os beligerantes concordarem nas formas de o aplicar em todas as regiões em guerra no país.

"O cessar-fogo começará quando todos os beligerantes do conflito estiverem de acordo sobre como ele deve ser implementado para garantir que a cessação das hostilidades é total e se aplica a toda a Síria", disse o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, em conferência de imprensa.

“Aqui dificilmente há espaço para interpretações, nem pode haver interpretações sobre a quem se estende a trégua proposta”, frisou.

Organizações médicas e de defesa dos direitos humanos dão conta de que os ataques na Síria, nomeadamente em Ghouta Oriental, continuam, ou seja, o cessar fogo aprovado sábado não entrou efetivamente em vigor.

Moscovo já havia estabelecido uma trégua unilateral em Aleppo em 2016 para permitir a evacuação de civis e a retirada de combatentes, antes que o regime retomasse inteiramente o controlo da cidade.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acusou esta segunda-feira os rebeldes de Ghouta Oriental de "fazer a população local de refém", dizendo que a era muito tensa.

Pelo menos dez civis morreram hoje nos bombardeamentos de Damasco contra Ghouta Oriental, indica o Observatório Sírio dos Direitos do Homem.

Entre as dez vítimas mortais encontram-se nove membros de uma mesma família, entre os quais três crianças.

Os ataques aéreos e de artilharia das forças do regime de Damasco contra Ghouta (arredores da capital da Síria) foram particularmente intensos durante as últimas horas, de acordo com as informações da organização não-governamental com sede em Londres.

Desde o início dos ataques de Damasco contra Ghouta Oriental, a 18 de fevereiro, morreram 521 civis, segundo os números divulgados pelo observatório.