Nesta sua primeira deslocação à Rússia, Pompeo reunir-se-á ainda com o seu homólogo russo Sergei Lavrov.

A deslocação, prevista para segunda-feira, foi adiada por 24 horas para que Pompeo se reunisse em Bruxelas com responsáveis da União Europeia, que lhe pediram que os EUA mostrem “máxima contenção” perante a escalada de tensão no conflito com o Irão.

O Irão classificou segunda-feira como “preocupantes” os “atos de sabotagem” contra navios ao largo dos Emirados Árabes Unidos e pediu a realização de um inquérito.

“Os incidentes que ocorreram no mar de Omã são preocupantes e lamentáveis”, disse o porta-voz dos Negócios Estrangeiros, Abbas Moussavi, num comunicado, apelando para uma investigação e alertando contra “o aventureirismo de atores estrangeiros” para perturbar a navegação marítima.

O Irão já ameaçou várias vezes fechar aquele estreito estratégico, crucial para a navegação mundial e para o abastecimento petrolífero, em caso de confronto militar com os Estados Unidos.

A divulgação do incidente ocorre numa altura em que os Estados Unidos alertaram os navios para a possibilidade de “o Irão ou os seus representantes” poderem atacar o tráfego marítimo na região e quando Washington está a enviar para o Golfo Pérsico um porta-aviões e bombardeiros para combater alegadas ameaças de Teerão.

Na segunda-feira, no final de um encontro com o seu homólogo chinês, Wang Yi, o chefe da diplomacia russa disse que quando se reunir com Mike Pompeo, em Sochi, no sul da Rússia, espera esclarecer de que forma os norte-americanos “pretendem sair da crise que eles próprios criaram por causa das suas decisões unilaterais”.

Lavrov referia-se ao facto de, em 2018, os EUA terem abandonado o acordo nuclear com o Irão, por considerarem que aquele país não cumpria os seus compromissos.

Em resposta, na passada semana, quando se cumpria um ano do abandono dos EUA do acordo, o Irão anunciou que retomaria o seu programa nuclear e voltaria a produzir urânio enriquecido.

Na reunião de Mike Pompeo e Sergei Lavrov a crise iraniana será enquadrada pela complexa teia de relações diplomáticas à volta dos tratados nucleares, nomeadamente a extensão do tratado de redução de armas nucleares, START III, que expira em 2021.

O acordo, bilateral, START III foi assinado em 2010, pelos então presidentes norte-americano, Barack Obama, e russo, Dmitri Medvedev, determinando uma redução em 30% do número de ogivas nucleares, para 1550 por país.

O tratado também limitava em 700 o número de mísseis intercontinentais para cada país subscritor.

Com a saída dos EUA do Tratado de Mísseis de Curto e Médio Alcance (IMF), em 2018, a prorrogação por mais cinco anos do START II ficou em dúvida, com os dois países a acusarem-se mutuamente de falta de interesse na contenção na corrida ao armamento nuclear.