O dado foi retirado da “Pesquisa Nacional de Saúde – Quesito Orientação Sexual”, que investigou, pela primeira vez, e em caráter experimental, essa característica da população brasileira.
Segundo o levantamento do IBGE, em 2019, havia 159,2 milhões de pessoas de 18 anos ou mais no Brasil, das quais 53,2% eram mulheres e 46,8% eram homens.
“Desse total, 94,8% se declararam heterossexuais, 1,2% homossexuais, 0,7% bissexuais, 1,1% não sabiam sua orientação sexual, 2,3% não quiseram responder, e 0,1% declararam outra orientação sexual, como assexual e pansexual, por exemplo”, frisou o instituto responsável pelas estatísticas do Governo brasileiro.
O número de pessoas que não quis responder, que corresponde a 3,6 milhões de pessoas, e supera aqueles que se autodeclaram homossexuais e bissexuais, chamou a atenção dos investigadores.
Segundo Maria Lucia Vieira, coordenadora da sondagem do IBGE, “o número de pessoas que não quiseram responder pode estar relacionado ao receio do entrevistado de se autoidentificar como homossexual ou bissexual e informar para outra pessoa sua orientação sexual”.
“Diversos fatores podem interferir na verbalização da orientação sexual, como o contexto cultural, morar em cidades pequenas, o contexto familiar, se sentir inseguro para falar sobre o tema com uma pessoa estranha, a desconfiança com o uso da informação, a indefinição quanto à sua orientação sexual, a não compreensão dos termos homossexual e bissexual, entre outros”, acrescentou.
Os jovens de 18 a 29 anos apresentaram o maior percentagem de pessoas que se declararam homossexuais ou bissexuais (4,8%). Essa faixa de idade também teve as maiores percentagens de pessoas que não souberam responder (2,1%) ou se recusaram a dar a informação (3,2%).
Outro dado em destaque revelou que a percentagem de pessoas que se declararam homossexuais ou bissexuais foi maior entre aquelas com maior nível de instrução e rendimento.
No grupo de pessoas com nível superior, 3,2% se declararam homossexual ou bissexual, percentagem significativamente maior do que os sem instrução ou com nível fundamental incompleto (0,5%).
As maiores percentagens de homossexuais ou bissexuais também foram observados nas duas classes de rendimento mais elevadas, sendo de 3,1% para os que moravam em domicílios cujo rendimento ‘per capita’ era de mais de três a cinco salários mínimos, e de 3,5% naqueles com mais de cinco salários mínimos ‘per capita’.
“Isso sugere que pessoas com maior nível de instrução e renda têm menos barreiras para declarar sua orientação sexual ou ainda maior entendimento dos termos usados”, observou Maria Lucia.
“A proporção de pessoas que disseram não saber ou se recusaram a responder foi maior entre aquelas com menor nível de instrução e rendimento”, concluiu a investigadora.
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