A notícia está a ser avançada pelo Jornal de Notícias, que escreve esta sexta-feira que quase meia centena de mulheres portuguesas sofreram alterações no período e na mama após a vacina contra a covid.

"Os efeitos indesejáveis notificados referem-se a aumento de volume dos seios e/ou ausência e/ou duração de período menstrual", explicou o Infarmed, em resposta por escrito ao diário.

O Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF) registou, até 31 de maio, um total de 24.624 reações adversas às vacinas contra a covid-19, o que representa um caso em cada mil inoculações. Destes casos, 7.956 foram considerados graves.

“Dos casos de RAM classificados como graves, cerca de 83% dizem respeito a situações de incapacidade temporária (incluindo o absentismo laboral) e outras consideradas clinicamente significativas pelo notificador, quer seja profissional de saúde ou utente”, indicou o Infarmed.

No entanto, “face ao número total de vacinas administradas, verifica-se que as reações adversas às vacinas contra a covid-19 são pouco frequentes, com cerca de um caso em mil inoculações, um valor estável ao longo do tempo”, refere o relatório do regulador.

Entre as reações adversas mais notificadas constam febre, dor de cabeça, dor muscular, fadiga, calafrios, náusea, dor articular, dor generalizada, mal-estar geral, tonturas, aumento do volume dos gânglios linfáticos, vómitos e fraqueza.

Os sintomas notificados com maior frequência "enquadram-se no perfil reatogénico comum de qualquer vacina”, clarifica o Infarmed.

Aqui ao lado, em Espanha, um estudo pioneiro da Universidade de Granada (UGR), chamado EVA, no qual participaram quase 23.000 mulheres, identificou alterações na menstruação provocadas pelas vacinas contra a covid-19 que afetam a duração do ciclo, provocam dor ou diferentes sintomas pré-menstruais.

Segundo os dados divulgados, 78% das participantes sentiram mudanças nos sintomas pré-menstruais e menstruais após a administração da vacina.

Do total da amostra, as mulheres que relataram alterações são um pouco mais velhas, principalmente com mais de 35 anos. As alterações ocorreram mais em mulheres fumadoras.

As alterações mais prevalentes nos sintomas pré-menstruais foram maior cansaço (43%), inchaço (37%), irritabilidade (29%), tristeza (28%) e dor de cabeça (28%), enquanto os sintomas menstruais mais frequentes foram o aumento da quantidade de sangramento (43%), dor (41%), menstruação atrasada (38%) e menos dias de sangramento (34,5%).

Recorde-se que após a campanha de vacinação, muitas mulheres detetaram alterações no ciclo menstrual, o que motivou este projeto de pesquisa que visa determinar se existe relação entre a vacina e os distúrbios menstruais.