Quim Torra foi hoje eleito em segunda votação por 66 votos dos dois grandes partidos independentistas, ‘Juntos Pela Catalunha’ (direita) e Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, socialista), tendo votado contra 65 deputados regionais dos Cidadãos (liberais), Partido Socialista da Catalunha (associado ao PSOE), Partido Popular (PP, direita), ‘En Comú-Podem’ (extrema-esquerda).
A abstenção dos quatro deputados do pequeno partido independentista de extrema-esquerda ‘Candidatrura de Unidade Popular’ (CUP) foi essencial na eleição de Quim Torra, que assim conseguiu ganhar por maioria relativa, depois de ter falhado a primeira votação no sábado em que precisava da maioria absoluta dos 135 deputados regionais.
Quando o candidato eleito formar o Governo regional (Generalitat), terminará a tutela política imposta por Madrid na Catalunha na sequência da proclamação da independência da região em 27 de outubro de 2017.
A eleição põe também fim a um impasse político de quase cinco meses depois das eleições regionais de 21 de dezembro em que os partidos independentistas voltaram a ter uma maioria no parlamento da Catalunha.
Quim Torra foi indicado pelo ex-presidente catalão Carles Puigdemont refugiado na Alemanha e a aguardar uma decisão sobre o mandato europeu de detenção emitido pela justiça espanhola que aguarda pela sua extradição para o julgar.
No discurso que fez esta manhã, Quim Torra voltou a sublinhar que Carles Puigdemont é o presidente "legítimo" do governo regional da Catalunha e prometeu ser "leal ao mandato" para "construir um Estado independente em forma de República".
“Todos irão ganhar direitos com a República”, disse Torra durante a apresentação do seu programa perante os parlamentares regionais, defendendo uma “nação plena” catalã e sublinhando que “ninguém irá perder direitos. A República é para todos e não interessa em quem se vote”.
Quim Torra anunciou que irá criar um “conselho de Estado no exílio” com o ex-presidente regional Carles Puigdemont, que considera ser “o presidente legítimo” da Catalunha.
O candidato também defendeu a criação de uma assembleia constituinte para escrever uma Constituição para a futura República catalã.
O Governo espanhol, dirigido por Mariano Rajoy, já avisou que poderia a qualquer momento voltar a intervir na Catalunha se Quim Torra violar a Constituição.
O porta-voz do executivo espanhol, Ínigo Méndez de Vigo, assegurou que Madrid não “terá dúvidas em voltar a atuar com firmeza” se se repetir a situação como aquela que levou à intervenção do Governo central na Catalunha.
Torra é uma das figuras menos conhecidas dos independentistas catalães, mas em 2015 dirigiu durante vários meses a poderosa associação cívica separatista Omnium Cultural.
Este editor, de 55 anos, entrou na política em dezembro passado quando foi eleito deputado regional na lista “Juntos pela Catalunha” formada por Carles Puigdemont e tendo por base deputados que pertencem ao Partido Democrático e Europeu da Catalunha (PDeCAT, direita) e personalidades independentes.
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