"Não me surpreendeu. É natural. Ao fim de 14 anos de chanceler e na liderança do partido já leva mais, é evidente que há um desgaste. Penso que é inevitável. Talvez tivesse sido curial para a política alemã que ela, nas últimas eleições, ainda que fosse candidata a chanceler, tivesse já feito esta distinção entre cargos de modo a que esta decisão não fosse consequência de um resultado eleitoral", sustentou Paulo Rangel.

O também vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), que falava à agência Lusa à margem da cerimónia de abertura do 62.º congresso da União Internacional dos Advogados que hoje teve início no Porto, considerou que esta situação gera "instabilidade", mostrando dúvidas sobre se Merkel terminará o atual mandato.

"O que me parece que pode vir a acontecer é que ela possa sair de chanceler antes. Nesse caso, embora ela tenha dito o contrário, seria de ponderar se não podia ocupar um cargo europeu. Penso que ela poderia trazer uma grande mais-valia às instituições europeias, ou na Comissão ou no Conselho. Acho que todos os amantes da Europa veriam isso como um progresso das instituições", referiu Paulo Rangel.

O eurodeputado apontou o Brexit, a questão das migrações e a reforma da zona Euro como prioridades atuais da União Europeia, considerando que a "instabilidade na Alemanha acarreta "problemas".

"Com a situação italiana, com a incerteza do Brexit no Reino Unido e as restantes prioridades, somando-se a instabilidade da Alemanha, ficamos com a França como único interlocutor com legitimidade plena e penso que isso para a evolução da União Europeia pode trazer alguns problemas", completou.