António Costa falou hoje aos portugueses para anunciar as medidas decorrentes do prolongamento do estado de emergência após a reunião do Conselho de Ministros. Para já, no imediato, o executivo decretou recolher obrigatório no próximo fim de semana em praticamente todo o país a partir das 13h — à exceção destes 25 municípios — e proibiu a circulação entre concelhos das 23h desta sexta-feira até às 5h da segunda-feira seguinte em todo o território.
De forma sumária, o estado de emergência que amanhã entra em vigor, ainda que por apenas 8 dias, dita que as regras atualmente vigentes para os concelhos de risco muito elevado e extremo passam a aplicar-se também aos concelhos de risco elevado.
No entanto, aquilo que fica da comunicação à nação é que o chefe do governo já prepara o plano para agravar as medidas se o número de novos casos continuar elevado. Quer isso dizer que vai haver nova renovação do estado de emergência? É o mais provável, embora António Costa explicasse que há a necessidade de "aguardar pelo início da próxima semana".
O primeiro-ministro até disse que a "esperança é a última a morrer", mas a verdade é que foi peremptório em salientar que o cenário de um novo confinamento não está descartado caso se confirme que o número elevado de novas infeções não são meros resquícios dos ajuntamentos do período de Natal e das festividades do Ano Novo.
Ou seja, é necessário esperar mais uns dias para que os especialistas tenham "dados mais sólidos, tendo em conta que o período de Natal, seja porque houve mais circulação, seja porque houve naturalmente um menor número de testes realizados, dava indicações bastante dispares de qual a evolução da situação". Por outras palavras, é preciso perceber a que velocidade estão a ocorrer os contágios.
Ora, ainda assim, a lógica e a expectativa é de que a próxima semana chegue com dois cenários: ou um novo confinamento para todo o território continental (ao estilo do que aconteceu em março do ano passado) ou então que as restrições atualmente em vigor ao fim de semana sejam impostas nos restantes dias. As possibilidades foram avançadas esta quinta-feira pelo próprio António Costa.
"O que temos feito até agora é fazer incidir as medidas sobre o fim de semana; um passo em frente significa estender ao resto da semana esse tipo de medidas, portanto, adotar medidas de confinamento mais geral, do tipo que adotámos em março passado", assinalou o primeiro-ministro.
Todavia, caso seja efetivamente necessário avançar para um possível novo confinamento geral, o executivo descarta fechar as escolas. "Há um grande consenso hoje entre os técnicos e os especialistas de que não se justifica afetar o funcionamento do ano letivo. Não devemos ter medidas que impliquem, como adotámos no ano letivo passado, a interrupção da atividade letiva", frisou.
A situação é preocupante. Segundo a lista atualizada divulgada hoje pelo Governo, o número de concelhos em risco extremo, com mais de 960 casos por 100 mil habitantes, quase que duplicou, passando de 30 para 56. Já o número de concelhos em risco muito elevado, entre 480 e 960 casos por 100 mil habitantes, também subiu, de 79 para 132.
Porque não são só os últimos boletins epidemiológicos que fazem levantar a sobrancelha — ontem foi o pior dia desde o início da pandemia, hoje foi o segundo pior ao nível de infeções e o terceiro ao nível de mortes. Escrutinada a lista de concelhos em risco muito elevado de contágio estão agora 15 dos 18 municípios capitais de distrito no território continental, designadamente Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
Tendo isto em conta, e tal como frisou António Costa, Portugal deve mesmo seguir medidas de restrição mais apertadas tal como tem vindo a acontecer na generalidade dos outros países da Europa. (Até a Organização Mundial da Saúde avisou ontem que o Velho Continente está "num ponto de viragem" devido à nova variante do Reino Unido.) Por isso, é importante não esquecer as recomendações do costume. Contrariar a saudade e limitar o número de pessoas dos nossos ajuntamentos, utilizar a máscara, manter o distanciamento. E não esquecer de lavar as mãozinhas, claro.
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