“Não podemos fazer avaliações precipitadas de medidas… foi um primeiro passo. Num ano de diminuição de candidatos, se não houvesse uma diminuição de vagas em Lisboa e no Porto, não tenho a menor dívida de que menos candidatos iriam para outras instituições”, disse à Lusa o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos.
Segundo os dados hoje revelados pela tutela, uma em cada dez vagas abertas no concurso nacional de acesso ao ensino superior ficaram vazias, tendo sido admitidos este ano 45.313 estudantes através deste concurso.
Comparado com o ano anterior, entraram menos 1.231 alunos, mas também houve menos cerca de 3.000 estudantes do 12.º ano que se inscreveram nos exames nacionais.
Questionado sobre impacto da redução de vagas nalgumas universidades de Lisboa e Porto este ano, o responsável do CCISP disse que a medida teve um efeito positivo, “mas é algo que deve continuar”.
Insistindo que a medida é importante, mas insuficiente, Pedro Dominguinhos sublinhou que a redução de vagas aplicada este ano em Lisboa e no Porto “devia ser acompanhada de um reforço na ação social do ‘+Superior’ (…) em que as instituições do ensino superior deveriam ter a possibilidade de escolher os cursos em que iriam ser atribuídas as bolsas”.
O responsável destacou ainda a redução de alunos que se candidataram este ano e o aumento das escolhas de primeira opção que ocorreu em muitos casos nos politécnicos.
“Devemos olhar para o acesso nas varias vertentes, em que o concurso nacional é muito importante (…) mas há um conjunto de outras formas de ingresso que têm um peso mais importante nos politécnicos”, afirmou, referindo-se aos maiores de 23 e aos portadores de Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP).
“Acho que devemos valorizar estas questões (…). Os titulares de CTeSP que ingressaram nas licenciaturas nos politécnicos (…) aumentou significativamente e isto significa que estamos a potenciar o ingresso no ensino superior a públicos não tradicionais”, afirmou.
Para o responsável, esta situação tem impactos positivos a vários níveis: “os provenientes de CTeSP vêm do ensino profissional e, em condições normais, se tivessem que fazer os exames e concorrer pelo concurso nacional de acesso, não ingressavam no ensino superior”.
Apontou ainda os maiores de 23, recordando que a qualificação da população ativa em Portugal “é claramente deficitária quando comparada com a média europeia”.
“Quando muitos candidatos ingressam pelo ‘maiores de 23’ são pessoas que estão no mercado de trabalho e têm a possibilidade de aumentar as suas qualificações. Isso é extremamente positivo”, acrescentou.
Recusando fazer avaliações precipitadas, o presidente do CCISP recorda a comissão nomeada pela tutela para analisar o impacto da redução de vagas em Lisboa e no Porto e diz que “é preciso perceber o impacto das medidas aplicadas e corrigi-las se elas mostrarem que não são suficientes e precisam de ser complementadas”.
“Estamos expectantes com o resultado desta avaliação e com eventuais medidas que possam ser prosseguidas, tendo a noção que se queremos coesão territorial, temos de encontrar mecanismos para ter mais estudantes do ensino superior noutras regiões que não apenas em Lisboa e no Porto”, afirmou.
Comentários