“Na sequência do conhecimento do resultado cultural da colheita efetuada para pesquisa de Legionella pneumophila numa torre de arrefecimento da empresa Ramirez, a Autoridade de Saúde da Unidade Local de Saúde de Matosinhos autorizou o funcionamento da referida torre”, disse a administração, em comunicado.

Contudo, a torre já tinha sido submetida a diversos processos de higienização e purga, tendo ainda sido instalado um dispositivo de desinfeção automático, revelou.

A Ramirez, a par com a empresa de produtos lácteos Longa Vida, igualmente em Matosinhos, no distrito do Porto, eram as duas empresas “suspeitas” pelo foco de contágio de `legionella´ no Grande Porto, que causou já nove mortes.

Na terça-feira, a ARS-Norte adiantou que “como medida cautelar, a Autoridade de Saúde de Matosinhos procedeu à suspensão do funcionamento das torres de refrigeração de duas indústrias, localizadas no concelho de Matosinhos”.

Hoje, em conferência de imprensa, a Ramirez revelou que as análises realizadas deram negativo.

Pouco depois, a Longa Vida frisou, em comunicado, ainda não ter recebido os resultados das realizadas às suas torres de refrigeração.

Apesar de aguardar a confirmação oficial sobre a fonte de contágio, a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos pediu hoje esclarecimentos à administração regional de saúde e às duas empresas do concelho “suspeitas” pelo surto de `Legionella´.

Depois da Ramirez confirmar não ser a fonte de contágio, e confrontada com o mesmo, esta autarquia do distrito do Porto referiu que ainda não foi informada destes resultados mantendo, por isso, a indicação da existência de duas empresas “suspeitas” e não apenas de uma.

O número de pessoas internadas devido ao surto de ‘legionella’ na região do Grande Porto diminuiu para 17, com a recuperação de três doentes que hoje tiveram alta, confirmou fonte da ARS-Norte.

Desses três doentes recuperados, dois verificaram-se no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde continuam internadas 10 pessoas, tendo a outra alta sido registada no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que ainda presta assistência quatro pacientes.

No Hospital São João, no Porto, mantêm-se três pessoas internadas.

O número de casos de ‘legionella’ diagnosticados desde o início de surto, a 29 outubro, não sofreu hoje alterações, mantendo-se nos 85, registando-se as mesmas nove mortes devido a complicações associadas à doença.

Na semana passada, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito para investigar as causas do surto.

A doença do legionário, provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila’, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.