Depois de mais de sete meses de missão, os 159 militares da primeira força nacional destacada na República Centro-Africana aterraram hoje no aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, chegada que ficou marcada por um surpreendente pedido de casamento.
Longe de casa desde 17 de janeiro, os primeiros militares portugueses da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana puderam hoje voltar a pisar solo português, tendo à sua espera - para além dos ansiosos e saudosos familiares e amigos - o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes.
Depois das palavras de boas-vindas e de os militares em parada terem sido cumprimentados, um a um, pelo ministro, o inesperado aconteceu e Daniel Barrena ajoelhou-se para pedir em casamento a namorada Ana Rita Lascas, a quem deu, além do tradicional anel, um coração em madeira que o próprio fez.
Ana disse "sim" e espera agora casar em breve com o militar, que aos jornalistas contou que esta "foi uma ideia que surgiu durante uma projeção em março", garantindo que tinha a certeza da resposta, apesar de durante a viagem de regresso se sentir "impaciente e ansioso".
"A ideia foi pegar num pouco de madeira, fazer um coração. Depois mandei fazer uma tira de nome com uma bandeira da República Centro-Africana e de Portugal e com o apelido que é o meu e há de ser o da Ana", descreveu.
Depois do desembarque e antes de poderem estar fisicamente com os familiares e amigos que, emocionado, registavam o momento com dezenas de telemóveis, os militares ouviram do ministro da Defesa Nacional: "sejam bem-vindos, ainda bem que vieram, ainda bem que aqui estão".
"Quando partiram pedi que cada um de vós fosse um embaixador de Portugal. Deixo um agradecimento do Governo e de Portugal por terem representado Portugal com tanto valor", disse Azeredo Lopes, louvando que a missão tenha dignificado "as Nações Unidas e a bandeira de Portugal, com muita coragem e com enorme profissionalismo".
O ministro fez questão de deixar uma "palavra especial para o soldado Nelson Semedo", que em julho teve que regressar a Portugal por ter ficado ferido.
"Sinto um especial orgulho em ser português, também por vossa causa porque eu sei bem o que eu vi a propósito da vossa prestação e de nada vos ter podido ser apontado", elogiou.
Em declarações aos jornalistas, o comandante da força nacional destacada, Musa Paulino, foi perentório: "tenho a certeza que fomos uns bons embaixadores de Portugal e que fizemos a diferença e que levamos um bocadinho da nossa pátria para aquele povo que continua numa situação bastante incerta ao nível da segurança".
Entre as missões mais marcantes, Musa Paulino recorda que, em Bambari, conseguiram "desalojar um grupo armado que estava a controlar a cidade".
No total, 160 militares portugueses, dos quais 90 pertencem aos Comandos, participavam, desde 17 de janeiro, na Missão Integrada Multinacional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro Africana (MINUSCA), tendo uma nova comitiva viajado para aquele país no domingo para substituir os militares que hoje regressaram.
Em fevereiro, o primeiro-ministro, António Costa, acompanhado pelo ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e pelo chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), Pina Monteiro, visitou os militares portugueses na República Centro-Africana.
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