Após um dia em que o primeiro-ministro foi forçado a reconhecer que teve de alterar a forma como abordou as alegações de comportamentos impróprios de natureza sexual atribuídos a um membro do seu Governo, Sunak e Javid anunciaram as suas demissões quase em simultâneo.
Primeiro, foi o responsável da Saúde, Sajid Javid, a apresentar a demissão, afirmando que perdeu a confiança no executivo de Boris Johnson. Poucos minutos depois foi conhecida a saída do ministro das Finanças, Rishi Sunak, que justificou a demissão com a necessidade de o Governo ser "liderado de forma adequada, competente e séria".
Em causa está o comportamento impróprio do deputado e ex-vice-presidente da bancada parlamentar do Partido Conservador. Chris Pincher, considerado próximo do primeiro-ministro, Boris Johnson.
Os dois políticos conservadores anunciaram a saída através do Twitter, pouco depois de o primeiro-ministro ter vindo a público pedir desculpa por ter nomeado Pincher, que se demitiu do cargo no passado dia 30.
Duras críticas
“É com enorme pena que vos tenho de dizer que não posso, em boa consciência, continuar a servir este Governo”, disse Javid na sua carta de demissão. “Instintivamente, considero-me membro de uma equipa, mas o povo britânico também tem o direito de esperar integridade por parte do seu governo”.
Sunak disse ainda que “a população espera que o governo tenha uma atuação correta, competente e séria”.
“Reconheço que este pode ser o meu último cargo ministerial, mas acredito que vale apena lutar por estes princípios e é por isso que me demito”.
Johnson estava a ser pressionado sobre o que saberia acerca de um anterior comportamento impróprio atribuído ao deputado Charles Pincher, que se demitiu do parlamento, onde assumia funções de responsabilidade na bancada dos conservadores, na sequência de queixas sobre um assédio a dois homens num clube privado.
A polémica
Na segunda-feira foram divulgadas pela imprensa britânica seis novas acusações de comportamento impróprio do ex-deputado do Partido Conservador Chris Pincher, dias depois de ter sido suspenso pelo partido por ter “apalpado” dois homens.
As novas acusações contra Pincher - reveladas pelos jornais Independent, Mail on Sunday e Sunday Times - incluem outros três casos em que o político protagonizou "avanços não desejados” com outros deputados, como um ocorrido num bar do parlamento e outro no seu próprio gabinete, há mais de uma década.
Em fevereiro, um dos deputados que se queixaram da conduta de Pincher terá contactado Downing Street, residência e gabinete do primeiro-ministro, para reportar detalhes dos acontecimentos, expressando ao mesmo tempo preocupação por Pincher ter sido nomeado responsável pela disciplina parlamentar dos deputados do Partido Conservador.
O parlamentar disse que está a procurar apoio médico especializado, mas que não tem intenção de se demitir.
Na semana passada, o jornal The Sun revelou que Pincher estava a beber no clube Carlton, um dos mais antigos e exclusivos da capital britânica, quando assediou na quarta-feira dois convidados.
Pincher, que se demitiu enquanto responsável pela disciplina do partido, reconheceu que tinha "bebido demais" e que estava envergonhado pelo que fizera.
Antes de ser um dos responsáveis pela disciplina da formação partidária, Pincher foi secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros.
Entrou pela primeira vez na Câmara dos Comuns em 2010, era o vice-presidente da bancada parlamentar conservadora e considerado próximo do primeiro-ministro, cujo Governo já estava abalado por uma série de escândalos.
Novos ministros
Boris Johnson nomeou o ministro da Educação, Nadhim Zahawi, para o cargo de ministro das Finanças, em substituição do demissionário Rishi Suna. Já Sajid Javid foi substituído por Steve Barclay, até agora responsável pela coordenação do governo.
O gabinete de Johnson adiantou que a rainha Isabel II aprovou as novas nomeações.
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